NAS TERRAS DE IRACEMA

*João Otávio Macêdo



É relativamente recente o desenvolvimento do turismo no Brasil, que poderia ser bem maior, trazendo mais divisas para o país, caso tivéssemos boas estradas, a violência não houvesse atingido o patamar atual e houvesse uma consciência geral para tratar bem o turista e não o explorar, como acontece em alguns pontos de maior convergência turística. O nosso país é um dos mais privilegiados em termos de diversidade de ambientes, de flora, de fauna, de costumes, sem falar na beleza das praias, No interior do país, há uma variedade imensa de contrastes, mostrando regiões que detêm belezas para todos os gostos.

A nossa região nordeste, englobando nove Estados, tem muito a mostrar aos visitantes, tanto daqui como do exterior, não esquecendo das danças, das músicas e da culinária, bem apreciadas pela maioria que procura esta região no período de férias. Agora mesmo, neste mês de junho, é quando o nordeste recebe um maior número de turistas, atraídos pelo magnetismo das chamadas festas juninas, que tem seu ápice nos dias 23 e 24, com os festejos de São João. São muitas as cidades do nordeste, em praticamente todos os nove Estados, que promovem os festejos juninos, principalmente Caruaru e Campina Grande, cada qual se declarando como o maior São João do Brasil.

Fazia quase trinta anos que não ia à formosa cidade de Fortaleza, capital do importante Estado do Ceará e confesso que voltei admirado, principalmente com a sua orla, pontilhada por inúmeros hotéis modernos; o velho mercado central foi substituído por um bem moderno, atendendo às exigências atuais e a cidade encontra-se limpa. Auscultei a opinião de alguns taxistas, verdadeiros observadores e críticos de uma cidade, que não mediram críticas à atual administração municipal embora, para um turista, como o meu caso, achasse a cidade com amplas e belas avenidas, poucos "flanelinhas", pedintes em número reduzido e sem aquela aura de medo que existe em algumas importantes cidades do Brasil. Claro que o "crack" por lá também já marcou presença e existe alguma violência, o que parece ocorrer mais em alguns pontos do interior do Estado. Durante o período em que lá estive, a TV noticiou um violento assalto a uma agência bancária no interior do Estado, quando os bandidos, tentando dinamitar um caixa eletrônico, praticamente destruíram a agência bancária.

Nas duas primeiras vezes que visitei aquela cidade, voltei impressionado com a hospitalidade do povo cearense e, quase três décadas após, imaginava que, por força do turismo e das mudanças que sofrem qualquer comunidade, não fosse encontrar mais aquela cordialidade o que, felizmente, não aconteceu. Não conheço todos os Estados do Brasil e, portanto, não posso generalizar, contudo da parte que conheço, nenhum povo é mais cordial, chegando, em alguns momentos, às raias da ingenuidade, do que o povo cearense. Não vi nenhum taxista mal humorado, nenhum (a) comerciário (a) desinteressado, ou aborrecido (a) e isso já é motivo suficiente, além dos outros atrativos da cidade, para que se retorne com maior frequência.

Os diversos governantes daquele Estado têm sabido investir no turismo que não se esgota, apenas, em Fortaleza e nos mais de 500 quilômetros do litoral cearense; há a beleza da região serrana do estado e a imensa região do sertão, também com as suas belezas e peculiaridades. O Ceará também é conhecido pelo seu rico artesanato e, na atualidade, pelo número grande de humoristas e de bons sanfoneiros. Chico Anísio abriu o caminho do humor, hoje seguido por dezenas de homens e mulheres; raro é o local onde não se encontra um trio tocando a bela música do nordeste, seguindo os caminhos do insuperável e sempre lembrado Luiz Gonzaga, continuamente festejado naquelas bandas.

Vale a pena conhecer as terras de Iracema, relembrando o romance do famoso escritor cearense José de Alencar.

*João Otavio Macêdo - é membro efetivo da ALITA e ocupa a cadeira n. 30