15 DE OUTUBRO - DIA DO PROFESSOR

ORAÇÃO DO PROFESSOR / MERITOCRACIA EM DEBATE




Oração do Professor

Antes do ensinar, Senhor, dai-me o dom de aprender,
aprender o amor de ensinar
com real comprometimento
por uma educação melhor.
Que o meu ensinar seja simples, humano e alegre, como o amor.
Que eu persevere mais
no aprender do que no ensinar.
Que minha sabedoria ilumine
e não apenas brilhe.
Que meu saber não domine ninguém,
mas leve à verdade.
Que meus conhecimentos
não produzam orgulho, mas cresçam
e se abasteçam de humildade.
Que minhas palavras não firam
e nem sejam dissimuladas,
mas animem as faces de quem procura a luz.
Que a minha voz
nunca assuste, mas seja pregação da esperança.
Que eu aprenda que
quem não me entende precisa ainda mais de mim
e que nunca lhe destine
a presunção de ser melhor.
Dai-me, Senhor, também, 
sabedoria do desaprender,
para que eu possa t
razer o novo, a esperança,
e não ser um perpetuador
de desilusões.

Antonio P. Schlindwein




MERITOCRACIA EM DEBATE

Por que a meritocracia?

Sala de aula em condições precárias de infra-estrutura: como se alcançará igualdade de oportunidades?
A meritocracia é o único processo capaz de criar desigualdades legítimas, construídas pelas diferenças de escolhas e competências entre as pessoas – baseia-se na capacidade e interesse individuais a partir do pressuposto de que cada um tem o direito inalienável à sua individualidade, à sua liberdade. Se fizermos uma analogia entre a justiça meritocrática e uma competição esportiva, esta teria como pressupostos que todos os competidores conhecessem as regras, tivessem oportunidades iguais de treinar, estivessem submetidos a um juiz imparcial, etc.


A escola resolverá o dilema da justiça social?

Sala de aula em boas condições infra-estruturais: basta ter igualdade de oportunidades?
Não podemos crer na visão salvacionista de que uma escola “justa” seja capaz de solucionar as desigualdades sociais. Discutir igualdade, é antes de tudo reduzir as disparidades por meio de medidas sistêmicas, estruturais, que vão muito além de uma escola: essa apenas reflete as desigualdades e, não sendo capaz de rompê-las, as reproduz. Sabemos que a igualdade de oportunidades não é uma realidade. Mas buscá-la é essencial para que se procure uma sociedade mais justa.
A partir do princípio da justiça meritocrática, temos que buscar outros princípios de justiça, senão estaríamos supondo uma igualdade de oportunidades e legitimando todos os problemas da meritocracia. Entretanto, sem o mérito, seríamos muito mais injustos, mascarando todos os problemas enraizados fora da escola.



Ideias para qualificar os professores

- Formação de qualidade

Problema: a formação do professor no país é de baixa qualidade. Formação ruim gera professores ruins.
O que pode ser feito: além de melhorar a qualidade dos cursos, fechando os mais precários, é necessário rever o modelo brasileiro. Os futuros professores aprendem teorias pedagógicas, e não a ensinar. A saída é oferecer cursos voltados para a prática.

- Tornar a carreira mais atrativa

Problema: a profissão atualmente não oferece atrativos e segurança e muitos procuram outras atividades.
O que pode ser feito: é preciso fazer a carreira de professor valer a pena. Os salários têm de ser competitivos, com perspectivas de crescimento. Carga horária e disponibilidade de recursos didáticos precisam melhorar.

- Premiar o mérito do profissional

Problema: a qualidade do professor é o principal fator do aprendizado, mas no Brasil o quesito é pouco levado em consideração.
O que pode ser feito: recompensar os melhores é uma forma de estimular o aperfeiçoamento e a qualidade. Especialistas propõem ampliação de conhecimentos e mais treinamento prático a quem não consegue ensinar bem até que melhore o desempenho e seja recompensado por mérito.

- Dar suporte técnico

Problema: os professores recebem pouca ajuda para fazer seu trabalho e para superar os obstáculos em sala de aula.
O que pode ser feito: promover os mais talentosos para a função de tutores dos colegas. Eles serviriam como auxiliares, indo às aulas para observar o docente, orientá-lo sobre o que pode fazer melhor e ajudá-lo a montar estratégias.

- Avaliar alunos e escolas

Problema: a escassez de dados sobre desempenho é um obstáculo para saber o que funciona e o que não funciona.
O que pode ser feito: montar avaliações permanentes e bancos de dados que permitam saber como estão evoluindo cada aluno, turma e escola, oferecendo instrumentos para descobrir onde estão as falhas de aprendizado.

- Postergar a estabilidade

Problema: só é possível saber se um professor é bom depois que ele já está trabalhando em sala de aula, mas faltam mecanismos para corrigir e afastar os que não possuem bom desempenho.
O que pode ser feito: criar um período probatório durante o qual o profissional é avaliado e orientado muito de perto. Só depois disso, caso ele demonstre capacidade, seria efetivado.

- Dar mais autonomia para as escolas

Problema: os sistemas são burocratizados e centralizados, com pouca cobrança de resultados.
O que pode ser feito: um modelo que tem se mostrado promissor é o de conceder ao diretor autonomia para escolher sua equipe de professores e auxiliares a fim de discutirem orçamento e definirem alternativas para melhor aprendizagem dos alunos e orientação para a prática eficaz dos professores que necessitam melhorar o desempenho. Esse é o diretor que precisamos.


Jornal Zero Hora - RS