TODO DIA É DAS MÃES! /// O QUE DISSE MINHA MÃE - Cyro de Mattos /// AS DELICADAS RELAÇÕES ENTRE MÃES E FILHOS NOS DIAS ATUAIS






 








No segundo domingo de maio comemora-se o Dia das Mães. A data surgiu em virtude do sofrimento de uma americana que após perder a mãe na guerra civil do país, passou por um processo depressivo. Para livrá-la de tal sofrimento, as amigas mais próximas de Anna M. Jarvis fizeram uma homenagem para sua mãe. A festa fez tanto sucesso que em 1914, o presidente Thomas Woodrow Wilson oficializou a data e a comemoração se difundiu pelo mundo afora.
As mães são homenageadas desde os tempos mais antigos: os povos gregos faziam uma comemoração à mãe dos deuses, Reia. Na Idade Média, os trabalhadores que moravam longe de suas famílias ganhavam um dia para visitar suas mães, que os ingleses chamavam de “mothering day”.
Nas diferentes localidades do mundo, a comemoração é feita em dias diferentes. Na Noruega é comemorada no segundo domingo de fevereiro; na África do Sul e Portugal, no primeiro domingo de maio; na Suécia, no quarto domingo de maio; no México é uma data fixa, dia 10 de maio. Na Tailândia, no dia 12 de agosto, em comemoração ao aniversário da rainha Mom Rajawongse Sirikit. Em Israel não existe um dia próprio para as mães, mas sim um dia para a família.
No Brasil, assim como nos Estados Unidos, Japão, Turquia e Itália, a data é comemorada no segundo domingo de maio. Aqui, a data foi instituída pela associação cristã de moços, em maio de 1918, sendo oficializada pelo presidente Getúlio Vargas, no ano de 1932.








                    O Que Disse Minha Mãe

                             Crônica de Cyro de Mattos


Quando era o verão, no meu tempo de menino, gostava de olhar as nuvens trafegando no céu azul. Vinham das lonjuras do mar não muito longe da cidade. Da balaustrada do jardim, observava seus movimentos vagarosos, ora como grandes rochas brancas, ora como enormes cogumelos, ora como colchões brancos e macios.  Às vezes estendiam lençóis compridos que flutuavam acima do rio. Faziam descer do céu suas figuras esboçadas, que  ficavam sombreando o espelho das águas aqui embaixo.
Afastavam-se da cidade pela tarde em suas embarcações pesadas, provavelmente transportando gente e carga. Antes que as sombras da noite chegassem, ocultando a tarde abafada, elas contornavam um dos bairros populares da cidade,  situado  no outro lado do rio  com suas casas acanhadas, construídas por gente humilde nas inclinações  do morro. Lá se iam empurradas pelo vento mais alto, rumo às serras azuis que cercavam uma das partes da cidade.
Um dia vi o arco-íris descer de uma nuvem gorda acima da ilha e, lentamente, entrar  no meio do rio. A seguir, ele caminhou  com as suas sete cores e ficou limpando o lodo das águas. Depois  bebeu a  água limpa na corredeira; certamente brincou com os peixinhos ariscos no leito raso, feito de areia brilhante,  pedrinhas lisas e redondas.
         De vez em quando elas inventavam gigantes que sumiam por trás dos morros. Desenhavam carneirinhos que subiam as ladeiras do céu. Mostravam velho de barba e cabelos longos, sentado no tapete que voava. Deixavam sair de um barco encalhado uns  bichos feios, que desapareciam  rápidos. No fim da tarde ofereciam-me flores, que de repente viravam pássaros  luminosos de prata, numa mágica que somente elas sabiam fazer.
Rendilhadas, onduladas ou achatadas, convidavam-me a viagens imaginárias pelo azul do céu. Maravilhosas travessias em que eu sobrevoava continentes, mares, quintais e jardins de outras cidades. Sentia-me, nesses momentos, que somente eu era o  cavaleiro rico entre os meninos de minha rua. Dono de castelos, que elas me davam de graça, ninguém duvidasse disso.
Mas não era somente da balaustrada do jardim o local em que eu ficava olhando paras as nuvens no céu límpido do verão. De calção e peito nu, deitava-me no pátio, e, com o rosto para o céu, demorava-me  vendo elas passarem cheias de luz, em suas viagens diárias ao redor da terra.   

Numa manhã em que o sol resvalava seus raios mornos por todos os cantos de nossa casa, o rosto de minha mãe apareceu na janela da cozinha. Depois de me perguntar se já tinha feito os deveres da escola e receber de mim a resposta afirmativa, ela se mostrou interessada em saber o que era que eu estava conversando com as nuvens daquela vez. Disse que estava querendo saber delas se quando crescesse e me tornasse um homem poderia retornar ao mundo da infância para brincar com os meus amigos nas aventuras mais empolgantes.  Fazer essa viagem de volta, como elas que desapareciam e apareciam por onde sempre passavam, como se o tempo fosse um só, sem que houvesse a sua passagem através dos dias, semanas e meses. Espantada com o que tinha acabado de ouvir, minha mãe, sorridente, falou que só existia uma maneira de se voltar ao passado distante quando a gente se torna uma pessoa adulta.

 - De que jeito? – perguntei-lhe, curioso.           
        - Sonhando acordado como se o homem, que um dia você vai ser, ainda fosse um menino.  


*Cyro de Mattos é autor de Vinte e um poemas de amor e Os brabos, novelas, Prêmio Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras, entre outros livros. 





TEXTOS PARA REFLEXÃO






Como mães lidam com os filhos

Lidia Weber


Mãe sempre deseja acertar na educação dos filhos. Quer que os filhos sejam bonitos, saudáveis, inteligentes, educados, habilidosos, carinhosos e felizes. Muitas não se contentam em ser apenas boa mãe; querem ser a melhor mãe do mundo. Neste afã, surgem diferentes tipos:

Mãe Permissiva: acha que os filhos não podem sofrer, nem serem “traumatizados” com educação muito rígida e devem “ter tudo o que ela não teve”. Satisfaz suas vontades, compra tudo o que querem e não lhes dá tarefas nem deveres. Tem medo que os filhos deixem de amá-la e, portanto, concede tudo: o menino de 14 anos dirige seu carro e a filha de 12 fica nas festas até de madrugada. Para ela, a frase “ah, eles são apenas crianças” é usual no dia-a-dia.

Mãe Super-Protetora: acha que os filhos são bibelôs e não podem sequer ralar o joelho ao brincar. Protege-os de tudo e todos, durante todo o tempo. Se o amigo do filho - de 4 anos - xinga-o, vai à escola tomar satisfações e chama os pais do garoto para uma “conversa séria”. Escolhe as roupas de todos os filhos e corta suas unhas até bem depois da adolescência... Faz as tarefas e ensina ao seu filho as palavras que ele deve dizer para uma garota no primeiro encontro. Ela dá mesada aos filhos até que eles tenham se estabelecido na vida, com 32 anos... 

Mãe Workaholic: trabalha 24 horas por dia, pois até quando dorme sonha com suas tarefas e “tem idéias para o dia seguinte”. Pode ser aquela que só fica em casa e passa o dia todo limpando tudo e polindo as pratas, “para a casa ficar pronta para visitas”. No final de semana ela passa muito tempo dormindo para “se recuperar de tanto trabalho” ou descansando na sauna e no shopping. Quando essa mãe percebe, os filhos já cresceram e saíram de casa, mas ela continua limpando a casa e esperando que eles venham visitá-la.

Mãe Controladora: pensa estar em um cargo de comando, pois dita literalmente todas as ordens da casa. Tem regras rígidas e absolutas para tudo; até para dobrar as meias ou pentear os cabelos os filhos devem seguir as ordens maternas. Não mostra muito carinho e acha que elogios demasiados estragam as crianças; orgulha-se que os filhos têm medo dela e usa freqüentemente tapas e gritos. Sua frase favorita é: “eu sou sua mãe e você vai fazer isso porque eu quero”.

Mãe Sabe-Tudo: tem sempre uma resposta na ponta da língua ou uma experiência da própria vida, desde dicas de gramática até clonagem e biofísica. Essa mãe sabe todas as respostas, mas suas histórias preferidas são quando começou a trabalhar como babá aos “13 anos e tornou-se responsável” ou como “sempre tirava 10 em todas as provas”. Tem palpites em todos os assuntos e solta pérolas de sabedoria: se a filha de 5 anos chega triste em casa, ele diz, “não se preocupe, quando casar, isso sara!”

Mãe Cuca Fresca: acha que os filhos se criam naturalmente. Geralmente veio de uma grande família em que as crianças cuidavam umas das outras; não se altera com choro de criança e seu humor está sempre bom. Pode ser uma artista em que sua criação é mais importante do que sua prole e acaba esquecendo o horário das refeições e, então, faz macarrão instantâneo todos os dias. Remédio ela nem usa, pois sempre esquece quanto e como medicar, mas coloca o bebê ao seu lado para ouvir música ou pode ficar horas brincando com a criança e... novamente esquecer do jantar. “Ah, crianças devem ser deixadas ao natural...”

Super Mãe: sem dúvida, o melhor tipo, mas deve tomar cuidado para não ser intrusiva às vezes... É tão participativa que parece saído de um comercial de margarina. Faz tudo para estar envolvida na vida dos filhos. Acorda cedo para preparar o café da manhã e levá-los à escola, faz um esforço para almoçar em casa e conversar com os filhos, aluga filmes para crianças e assiste junto, sabe tudo sobre videogames, sobre os últimos lançamentos de bonecas para pré-adolescentes, navega na Internet com versatilidade e, nos finais de semana, dedica-se integralmente à família. É carinhosa e grande negociadora: sabe impor o seu ponto de vista de adulto e estabelecer regras, mas ouve e se interessa pelas opiniões de seus filhos e por todos os aspectos de sua vida. Importa-se com valores e é um exemplo de comportamento moral.

Embora mães possam fazer um pouquinho de cada tipo, geralmente tem um estilo mais presente. Qual é o seu? Mães devem cuidar tanto da negligência como da excessiva perfeição, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. 
Feliz dia das mães!







 A arte muitas vezes difícil da convivência entre mães e filhos

Inegavelmente, a relação mais importante para a constituição psicológica do ser humano é a entre mãe e filho. Ao contrário do que é propagado socialmente e pela mídia é uma relação construída e não, inata. O amor que uma mãe sente por um filho nasce, algumas vezes, quando ela toma conhecimento da gravidez.         Outras, a partir do nascimento, através do cuidado e da convivência com o bebê. O bebê, por outro lado, nasce geneticamente programado para amar e se apegar a essa figura que cuida dele desde que nasce, seja ela sua mãe biológica ou adotiva, avó, tia,  madrinha, ama, babá ou empregada.
O ser humano, assim como alguns animais, é totalmente dependente do contato humano e do afeto para se desenvolver física e emocionalmente. 
No início do século passado, a mortalidade entre bebês vivendo em orfanatos na Europa e Norte da América era de quase 100% da população. Essas crianças tinham todas as suas necessidades físicas atendidas, mas não era permitido nenhum contato físico com elas, porque as pessoas pensavam que isso poderia transmitir doenças. Assim, elas morriam aos milhares. Quando em 1920 o Dr. J. Brenneman tornou obrigatório o contato afetuoso entre qualquer pessoa que entrasse na enfermaria e os bebês ali presentes, as taxas de mortalidade caíram drasticamente. Daí se concluiu que os seres humanos em tenra idade necessitam ter suas necessidades físicas atendidas e que, sem afeto tampouco seriam capazes de sobreviver.
Apesar de ser uma relação idealizada desde a antiguidade como sagrada, em geral, não é fácil ser mãe nem ser filho. É comum ouvirmos desde pequenos que só entenderemos nossos pais quando formos pais, o que costuma ser verdade. Como filhos, é difícil nos colocarmos no lugar de nossas mães e avaliar suas decisões quando estamos crescendo, especialmente quando elas vão contra aquilo que queremos.
Por outro lado, as mães precisam deixar de ser filhas dos próprios pais antes de poderem ser mães para os seus pequenos. Essa ideia parece complicada, mas não é. Em poucas palavras, isso equivale a dizer que não temos como carregar nossas carências enquanto filhos para a relação com a nossa cria e esperar, de alguma forma que aquela relação seja uma reencenação melhorada da nossa própria infância.

O que é preciso para ser mãe?

Ao assumirmos o papel de mãe, precisamos nos colocar no papel de doadoras, enquanto nossos filhos serão os receptores: do nosso amor, da nossa orientação, da educação que lhes damos, das regras, da nossa compreensão, etc., como um dia fomos de nossos pais ou como deveríamos ter sido. Justo ou não, toda a responsabilidade agora recai sobre os nossos ombros e disso dependerá a relação que teremos com nossos filhos no futuro. Toda e qualquer necessidade afetiva precisa ser resolvida de outra forma, em outro ambiente, para que possamos nos doar e criar uma relação sólida com nossos filhos de maneira limpa, sem resquícios de um passado que eles não viveram. Porém, infelizmente, muitas vezes carregamos as marcas deixadas por relacionamentos equivocados com nossos pais para todas as outras relações de nossas vidas, e nossos filhos não são uma exceção. Aqui é onde começa a maior parte dos problemas.
Como filhos, crescemos observando nosso modelo de mãe e usando-o como referência, seja daquilo que queremos copiar ou evitar. Às vezes, copiamos coisas que sempre criticamos, sem querer. Outras, observadores atentos que somos, aproveitamos o que acreditamos ter funcionado e corrigimos o que achamos que deveria ter sido feito de outra forma. De qualquer forma, nossa mãe (ou a que exerce o papel de) é nosso primeiro e principal modelo de referência. Queremos sua aprovação, seu carinho e sua admiração, então, inconscientemente acreditamos que copiando-a é a melhor maneira de consegui-lo. Escutamos atentamente aquilo que elas dizem ou parecem esperar da gente, e tentamos realizar aqueles objetivos, mesmo quando não são nossos. Apesar disso, em algum momento - geralmente no final da adolescência - sentimos que necessitamos encontrar nossa própria identidade e romper com aquela relação quase de espelho. Aqui, surgem os conflitos porque, muitas vezes, ao tentarmos encontrar nossa própria identidade fazendo tudo diferente do que aprendemos, vamos pelos caminhos equivocados. Mas não necessariamente nos preocupamos com isso: contanto que possamos confirmar para nós mesmos nossa capacidade de sermos diferentes, estamos satisfeitos.
Como mães, não nos damos conta que podemos sufocar os filhos com nossas expectativas para eles. Recebemos sob nosso cuidado seres que desconhecem absolutamente o mundo, tentamos ensinar a eles tudo que sabemos ou achamos que irá protegê-los e, um dia, eles nos dizem que nada daquilo serve, e que eles vão fazer as coisas "à maneira deles". Essa atitude muitas vezes nos desespera, quando não deveria: com esse rompimento, eles geralmente são capazes de encontrar o próprio caminho, que costuma ser um meio termo entre nossos desejos para eles e suas vocações naturais.

Hora de dar asas aos filhos

Enquanto pais, é difícil aceitar a libertação dos filhos do nosso domínio e cuidado. Queremos que eles não cometam os erros que cometemos, então interferimos mais do que deveríamos. Doce ilusão: eles não cometerão os erros que cometemos. Cometerão os próprios erros e aprenderão com eles, independente do quanto queiramos protegê-los. Nossos bebês crescem e exigem independência sobre suas próprias vidas, sobre suas próprias famílias, e nos oferecem um lugar de observador de suas vidas, da arquibancada. Nos sentimos excluídos. Mal sabemos que nunca deixamos de estar presentes. Disfarçadamente, eles estão sempre nos observando em busca de nossa avaliação daquilo que estão fazendo. Estamos aprovando? Estamos reprovando? Ainda que estejamos em silêncio e sem interferir, nosso olhar, nossa expressão facial, nossos gestos, tudo é observado como dicas sobre o caminho que estão percorrendo.
Porque, se bem é verdade que sim, podemos seguir nossas vidas e tomar nossas decisões independente da opinião dos nossos pais, nos sentimos muito mais seguros e confiantes quando o fazemos com a aprovação deles. Porque, por menos que queiramos aceitar, poucas coisas são tão importantes para um filho como a aprovação de um pai ou de uma mãe. Poucos trabalhos são tão difíceis na Psicologia como liberar um filho dessa necessidade, ou minimizar a influência disso em suas vidas. Independente de idade, sexo ou estado civil, todos necessitamos da aprovação dos nossos pais.

A difícil arte da convivência entre mães e filhos

Algumas vezes a desaprovação dos pais sobre atitudes dos filhos, sobre quem são ou como são se torna intolerável. Aqui é onde acontecem os cortes nas relações: filhos que deixam de falar com os pais, que precisam exclui-los de suas próprias vidas em uma tentativa desesperada de se permitir existir como uma pessoa diferente daquela que a mãe espera dele. Ato dos mais difíceis para um ser humano, às vezes a presença da mãe é tão opressora e imponente que não nos sentimos no direito de ser. Não podemos ou queremos atender às expectativas que tem para a gente - como filhos, pais, etc. - então usamos um recurso extremo: exercemos nosso direito de partir. Às vezes, o inverso também acontece, por motivos diferentes: pais que rompem contato com os filhos como uma tentativa última de fazer valer a própria palavra e vontade, recusando-se a mudar de lugar na vida da sua cria, rejeitando o papel de coadjuvante quando já foi ator principal.
O mais difícil dessa relação se encontra no processo de individualização de ambos os seres. Por ser uma relação que tem inicio de maneira absolutamente simbiótica, como um sendo parte do corpo do outro, é difícil principalmente para a mãe entender que aquele ser a quem deu vida é um ser diferente e independente dela. Muitas vezes, essa simples ideia soa como uma ofensa: "como independente se sem mim ele não teria nem mesmo existido?". É difícil para uma mãe aceitar a mudança em seu papel na vida de um filho - de protagonista durante os primeiros anos para coadjuvante na idade adulta. É difícil para ela não tentar resolver através de sua própria de maternidade as falhas trazidas da relação com a sua própria mãe. É difícil aceitar os limites impostos pelos filhos em sua participação em suas vidas. É difícil aceitar a obsolescência de suas opiniões. É difícil aceitar que eles crescem e formam novas famílias das quais elas não são mais o centro. É difícil entender que, apesar de tudo isso, o amor que um filho nutre por uma mãe é imenso e desconhece barreiras. Existe e sobrevive mesmo em situações adversas, apesar dos limites impostos, das distâncias, da idade, e de todo o resto. E pode ser fonte de conforto ou de muita dor.
Para um filho, muitas vezes é tão difícil ter uma mãe, assim como não tê-la. Querer essa mãe em sua vida, mas não da maneira como ela deseja e sim de uma maneira saudável, que lhe permita existir como pessoa, pode ser uma tarefa árdua. Especialmente por que, às vezes, essa maneira faz mal à ela e é terrível para um filho sentir-se causador do sofrimento da própria mãe. É difícil sentir-se no direito de conquistar e brigar pelo beneficio de ser uma pessoa diferente, separada, com outras opiniões, outra vida, outra personalidade e, ao mesmo tempo, sentir-se culpado por isso, por saber que isso causa dor à mãe. É difícil tanto para mães quanto para filhos saber quando renunciar a uma discussão ou briga, por reconhecer que não poderá fazer o outro entender o seu ponto de vista, e decidir dar um passo em direção a um ponto médio.

Saiba a hora certa de ceder

Mas essa é uma relação geralmente cheia de extremos e de pontos médios. Fundamental e básica para qualquer ser humano, a relação entre mãe e filhos pode ser um oásis num deserto ou uma disputa eterna de individualidades. Atravessada por um amor que costuma ser incondicional de ambas as partes, não é uma relação imune a conflitos nem que está finalizada. Como toda e qualquer outra relação, é passível de ser melhorada sempre, e oferece incríveis oportunidades de aprendizado e crescimento para ambas as partes. Como toda relação humana, é construída a quatro mãos: depende de dois para crescer, existir, e se fortalecer. Algumas vezes, mães cedem em função dos filhos, afinal, elas estão acostumadas a fazê-lo porque entendem a falta de experiência ou maturidade daquele ser que, assim como ela, ainda está em desenvolvimento. Outras vezes, cedem os filhos em função das mães, porque a idade as tornou mais duras e inflexíveis em suas opiniões e há brigas que não valem a pena.
Independente de quem decida ceder e quando, com o crescimento dos filhos e o amadurecimento das mães, é importante cultivar um diálogo maduro e aberto. A ideia é superar os medos infantis de punição ao expressar os próprios sentimentos, ou de ofender os pais, porque são as coisas não ditas ou ditas sem respeito que costumam criar mágoas e distâncias. É só através de um diálogo sincero e amoroso que podemos crescer e permitir ao outro crescer, abertos, conscientes de que nenhuma das partes está imune a erros e que ambos precisam contar com a capacidade de perdoar do outro, para que o tempo fortaleça os vínculos da relação.

Astróloga há mais de dez anos, atua como colaboradora  para diversas revistas e possui trabalhos publicados em vários países.