Ceres Marylise*
Apesar da violência e da insegurança que
grassam em todos os lugares do país, sem exceção, ainda prefiro morar em casa
do que em apartamento para ter o prazer de conviver com pássaros no jardim e
animais domésticos. Coisas do meu livre arbítrio.
Ontem, ao assistir a mais uma
edição de noticiário na televisão, onde se evidenciava o livre arbítrio em
função do Mau e do Mal do homem, parei para refletir sobre o quanto essas
sementes germinaram de modo eficiente e permanente: a China quebra a economia
do mundo com seus produtos baratos e descartáveis numa prova inconteste do
baixo salário que paga aos seus trabalhadores; os
Estados Unidos sempre ameaçam invadir; a possibilidade de ataques terroristas
faz tremer povos e presidentes; o rastro brutal do extermínio humano e
ambiental é maior a cada dia que passa;
em pleno século XI crianças ainda morrem de fome e doenças; sentimentos pré-históricos
de posse e insegurança levam os homens a matarem suas companheiras ou
ex-companheiras; a corrupção é paga com pensões e indenizações; o governo
perdoa dívidas de vários países, empresta e doa a outros; sucessivos governos
usam e abusam em mordomias e na aplicação dos escorchantes tributos que pagamos
(os mais elevados do planeta), em projetos e obras fantasmas super
manufaturadas continuamente, algumas inacabadas e abandonadas; sustentam ONGS
de fachada, desconfiáveis e inidôneas, enquanto o nosso povo não tem direito à
cidadania descrita na Constituição, muitas vezes distorcida em benefício
próprio por aqueles que infelizmente elegemos para defender os nossos
interesses; o salário do preso que já vive à toa e às nossas custas é maior que
o salário mínimo, maior que o mínimo dos aposentados que trabalharam
honestamente durante suas vidas ativas e não podem desfrutar a velhice com
dignidade; homens vivem de extorquir seus semelhantes em lucros, armadilhas
financeiras dos bancos ou explorando a fé dos incautos. Há ainda aqueles que se
beneficiam da prostituição infanto-juvenil, os que drogam nossos jovens e
muitos grupos mafiosos organizados para outras práticas do Mal.
Chega! Chega de enumerar! Assisti muitos
desses impropérios acontecerem e nada fiz! Apenas me indignei no meu silêncio e
alguns poucos desabafos nas redes sociais, mas não levantei bandeiras. Infelizmente o Mal e o Mau se sobressaem
mais que o Bem e o Bom, sobretudo porque é de se esperar que nós, seres
humanos, saibamos utilizar o nosso livre arbítrio transitando por caminhos que
resgatem mesmo que tardiamente, o equilíbrio e o retorno à nossa essência de
animais racionais.