Rachel de
Queiroz e Cyro de Mattos premiados com o APCA em 2002, O Grande Prêmio da
Associação Paulista de Críticos das Artes, Memorial da América Latina (SP).
Rachel de
Queiroz e Cyro de Mattos premiados com o APCA em 2002, O Grande Prêmio da
Associação Paulista de Críticos das Artes, Memorial da América Latina (SP).
Inspirada na obra do saudoso poeta, ator e artista sulbaiano Ramon Vane
(in memorian), o projeto “Vozes Encena Interior 2021”, do Grupo Vozes, coloca
em cartaz nesta semana o segundo espetáculo do projeto (“Flores de Verão”),
escrito e dirigido por Silvia Smith e trazendo no elenco, além da própria
Silvia, os atores Guto Pacheco e Elaine Belavista.
A peça homenageia, além do Ramon Vane, artistas da região Sul da Bahia,
especialmente de Itabuna e Buerarema.
“A peça é um drama poemas do escritor Ramon Vane Santana, a partir do
livro ‘Pé No Chão e Flores de Verão’”, pontua a diretora Silvia Smith, que
destaca ainda “o papel do artista na transformação do ser humano e da
sociedade, tendo como instrumento a sua arte, as flores de verão. É preciso
estar atento e forte, pé no chão, comprometido com os desafios humanos e
sociais, porém sem perder a dimensão da poesia, da paixão artística e do
potencial criador”, completou.
Smith, Pacheco e Belavista, os três atores que estarão em cena no
espetáculo representam as múltiplas faces de um único personagem. Embora tenham
características diferentes, essas personalidades possuem um ponto em comum.
“Desejam ardentemente o voo”. Para eles, o voo torna-se possível através da
criação artística: suas dores, tristezas, alegrias, temores, fé tornam-se as
“flores de verão” (produções artísticas) que transformam e impulsionam a vida”,
finaliza Silvia Smith.
“Flores de Verão” será apresentado nesta quinta-feira (amanhã, dia 22),
às 19h, através do canal Vozes Encena Interior no You Tube.
Sobre Ramon Vane
Numa civilização em que andar armado era sinônimo de coragem, ele usou a
palavra como principal arma; numa época em que um só fruto traduzia a riqueza
do sul da Bahia, ele encenou a peça “Cacau verde – nem tudo que reluz é ouro”.
Se estivesse vivo, teria completado no último 17 de janeiro, 62 anos. Seu nome:
Ramon Vane Santana Fontes. O artista de múltiplos talentos fez de Buerarema – a
velha Macuco – seu primeiro e derradeiro palco.
A partir da terra
natal, integrou um dos mais efervescentes movimentos do teatro regional, o
Grupo de Arte Macuco, junto com os companheiros José Delmo, Zenrique, Gal
Macuco, Eva Lima, entre outros. Ali, o celeiro de talentos atraía a vizinhança
para a Feira de Arte de Macuco e muitos eventos se espalharam, para deleite dos
amantes da cultura.
A atriz Eva Lima,
companheira de arte de Ramon por 35 anos, lembra que estreou no espetáculo “Ave
de Rapina” tendo ele no elenco, diante de 400 pessoas. “Ramon foi uma linda
flor do cacau em minha vida. Fico com a imagem do otimismo, vez por outra, da
rebeldia dele; a imagem da inteligência e da alegria em uma pessoa só”,
definiu, emocionada.
Como ator, Ramon Vane
ganhou projeção nacional, inclusive pelo trabalho no cinema. Em 2011,
conquistou o prêmio do 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, na
categoria melhor ator coadjuvante. A escolha foi pela interpretação do
personagem “Pafrente Brasil”, em “O homem que não dormia”, do diretor
Edgard Navarro.
Formado em Direito,
Ramon era visto como “o advogado das causas sociais”. Tal como fomentava
reflexões com seus poemas, ele provocava questionamentos diante da “fria letra
da lei”. E assim, às vezes desconcertando juristas, brigava pelos ideais em que
acreditava.
Ramo Vane faleceu em
15 de janeiro de 2017. “Sua marca como profissional das artes é a doçura e a
serenidade, mesmo diante das dificuldades da vida. Traduzia com perfeição uma
frase que cunhou num bate-papo despretensioso. ‘A beleza é a contenção do que é
útil e bom’”, escreveu a jornalista Celina Santos, que completa: “Para a legião
de amigos e admiradores, personificou um dos mais belos exemplos de ser
humano”.
Sobre o projeto “Vozes Encena Interior”
O projeto traz três diretores teatrais com espetáculos de no máximo 60
minutos, todos adaptados para o formato virtual. Os resultados dessas
adaptações podem ser conferidos ao longo do mês de abril, durante as exibições
online gratuitas, em plataformas como o Youtube e Instagram, sempre às
quintas-feiras, às 19h. “Flores de Verão”, em cartaz nesta semana, é o segundo
espetáculo.
Para acompanhar os trabalhos e assistir as peças, basta procurar o canal
“VozesEncenaInterior” no You Tube e o perfil @vozesencenainterior no Instagram.
O projeto é financiado pelo Governo Federal com recursos da Lei Aldir
Blanc, através da Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo, com
o apoio da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC).
SERVIÇO
O quê: Peça de teatro
adaptada para transmissão online
Título: “Flores de
Verão”
Censura: 16 anos
Onde: Canal “Vozes
Encena Interior”, na plataforma de vídeos You Tube
Quando: Quinta-feira
(22 de abril de 2021)
Horário: 19h
Valor: Gratuito
___
Texto: Prospecto
Grupo Vozes, com contribuição de Eric Souza.
“Sobre Ramon Vane”:
texto de autoria de Celina Santos, especialmente publicado no jornal “Diário
Bahia”, acessível através do
link https://diariobahia.com.br/ramon-vane-58-anos-de-entrega-arte-e-justica-social/
Imagens: Divulgação
(Grupo Vozes) | Arquivos Redes Sociais.
21/04/2021.
Antologia
Poética
(2013), de Afonso Manta, seleção, prefácio e organização de Ruy Espinheira Filho, é uma publicação da
ALBA, editora da Assembleia Legislativa da Bahia, em parceria com a Academia de
Letras da Bahia. O livro está inserido na Coleção Mestres da Literatura Baiana.
Pela primeira vez um livro do poeta de Poções recebe uma publicação digna de
sua lírica. Seus livros tiveram edições por gráficas e editoras pequenas do interior,
fazendo com isso que sua poesia circulasse no ambiente de amigos e poucos
leitores. Tornaram-se raridades bibliográficas.
Essa
Antologia Poética agora faz jus ao conhecimento e expansão de um poeta
que tem um brilho inusitado, capaz de enlouquecer as flores, aprofundar as
cores, tornando-se, no trânsito da ternura, como um anjo em voo do
infinito. Chegou a nos dizer que quando
essa noite passar com o seu manto de trevas, numa “sinistra gaiola comendo o
alpiste do dono... com seus frios caracóis de angústia e desesperança, praga
dos que vivem sós... faz teu canto na manhã, que todo dia traz luz. E não é vã,
não é vã.”
É
fácil perceber que a poesia de Afonso Manta flui pelos caminhos da esperança,
da ternura expressa por uma linguagem simples longe do vulgar, ao invés disso
se apresentando com a palavra tomada emprestada ao encantamento. Toca-nos sem
arroubos, nos versos simples sem pieguismo, encanta o pensamento e o sentimento
com leveza, dizendo com nitidez sobre a tristeza diáfana. Nos momentos de sonho
produz mel e ingenuidade, que confortam e possibilitam uma carícia de brisa. Em
muitos casos usa a rima, a estrofe apoiada no verso que soa e fere a vida
através das notas da contradição humana. Mostra a alma fragilizada de um homem
sensitivo, que ao se ver no espelho flagra como está cansado de tudo.
Se
a poesia no Brasil repercute no século vinte com o que tem de melhor na clave
da solidão, intensa nos conflitos, em questões complexas, em Afonso Manta
conserva-se nos ares ingênuos, embora de interioridades profundas, como na
explícita certeza desses versos:
Vale a pena viver, mesmo sofrendo.
Eu
mesmo vivo assim, triste gemendo,
Escravo
da ilusão e da beleza.
Essa
é a maneira do poeta estar na vida com sinceridade, ter como base, apesar da
dor, as construções de conteúdo inocente, guardadas pela alma de um cantor
prisioneiro do menino, bebedor de umas doses de extravagância, mas sem
maldades, a exalar a consciência do dever cumprido, banhar-se com as luzes de
uma musa portadora de canários verdes na varanda. Entre a ordem e a vertigem,
do viajante que transita para o último gemido, Afonso Manta tece seus poemas de
versos harmoniosos. Escreve uma poesia clara, com a alma de um poeta que só
precisa de um pouco de sonho para equilibrar-se em seus rumos e rumores loucos,
de “estrelas na testa de rapaz” para que suas angústias fiquem serenas. Só
assim, com a mansidão das amargas, o poeta se dará por contente.
Se
tudo isso aqui onde vivemos é ilusão, para quem queira ler e ouvir a poesia de
Afonso Manta vai saber como esse poeta foi um homem digno de seu estar no
mundo, corajoso conforta-nos quando assume sua maneira de andar sozinho com os
seus versos delicados para o alimento da alma, intenso de saberes,
sustentando-o como um homem real, que transita na vida pela rua da solidão e do
sonho com matizes do lilás. Vai senti-lo em dado momento aos frangalhos, mas
consciente de que não precisa ser rico, nem ter crédito na praça, pois convive
com o vento que o agita interior e largado. No poema “O Realejo do Vinho”, esse
poeta sabe como a vida é falha, mas basta quando o torna com os cabelos
devastados, rosto, sorriso e palavra.
Na
fatura do soneto Afonso Manta é modelar, raro inventor de sentimentos na frase
iluminada. Qualquer um deles surpreende
pela simplicidade da rima, condução nítida da ideia, o fluxo espontâneo que nos
torna cúmplice da palavra simulada com emoção e simbolismo. Libertos de sua camisa de força imposta pelo
formato clássico, vemos como tamanha é a habilidade de sua elaboração por um
mestre, que não se veste com a roupa compositiva de sua estrutura fixa. Faz com
fluência que transmitam sentimentos doloridos, os ares do que é triste, que se
encontrará sempre na paz do espírito redimido.
Assim o poeta procede em “O Rei Afonso”.
Aqui,
o rei Afonso, o Derradeiro,
Vê
naus que não são mais as naus do porto.
São
já as naus febris do sonho morto
No
mar tão vasto como traiçoeiro.
Aqui,
o mesmo rei, também chamado
Restaurador
do Império Agonizante,
Perde
para o inimigo, doravante,
O
reino duramente conquistado.
O
rei, flor-de-lis santa e vulnerável
Ferido
pela dor inevitável,
Perdoa
a punhalada do assassino
E
morre sem palavra de desgosto,
Mostrando
paz até o fim no rosto,
A
mesma paz dos tempos de menino...
Louco
esse poeta vestido do pôr do sol, mas que tinha uma rosa na cabeça? Bicho estranho que não queria morrer enquanto
existisse estrelas cintilando no céu e o pássaro cantando? Homem da lua, triste
divagando pelas ruas da Bahia? O que tocava o violino nas solidões de sua
cidade natal com as cordas do sorriso? Ousado guerreiro, dispersivo, que tudo
arriscava num momento veloz e passageiro? Um detentor de humanas paixões, que
morreu sereno e forte?
Era poeta que tinha um olhar vago, de mendigo
e sonhador, de aspecto excessivo de profeta.
Banhava-se nas águas da esperança. Não há quem não desperte enriquecido
quando se entra em contato com a sua lírica de alto nível, não se deixe
encantar com o prontuário iluminado onde não morre a solidão solidária,
imaginada nos toques do amor. Quanta
simplicidade em versos que enleiam, rumorejam com generosidade, primam por
relâmpagos que nos mostram da vida verdades. Poeta de alma com doces soluços,
brilhantes abraços da cor dos lírios, dos jasmins com seus inebriantes perfumes.
Oferta, na chuva que bate nas orelhas, incandescentes ternuras naquele lugar
onde a esperança não morre.
No
poema “De Um Rabisco”, de fino humor, os versos como se fossem para serem lidos
em dia de riso, Afonso Manta alerta:
Há
que deixar em paz o poema.
Ou
o poema nos afeta.
O
poema há de ser perfeito.
Ou
ele come o poeta.
No
seu caso, o poema, por ser perfeito, alimenta a alma, comete a catarse de curar
como o melhor alento.
Leitura
Sugerida
*Antologia
Poética, Afonso Manta, Editora da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia
– ALBA, em parceria com a Academia de Letras da Bahia, Coleção Mestres da
Literatura Baiana, organização, seleção e prefácio de Ruy Espinheira Filho,
Salvador, 2013.
Essa Antologia Poética agora faz
jus ao conhecimento e expansão de um poeta que tem um brilho inusitado, capaz
de enlouquecer as flores, embelezar as cores, tornando-se, no trânsito da
ternura, como um anjo em voo do infinito. Chegou
a nos dizer que quando essa noite passar com o seu manto de trevas, numa
“sinistra gaiola comendo o alpiste do dono... com seus frios caracóis de
angústia e desesperança, praga dos que vivem sós... faz teu canto na manhã, que
todo dia traz luz. E não é vã, não é vã.”
É fácil perceber que a poesia de Afonso
Manta flui pelos caminhos da esperança, da ternura expressa por uma linguagem cativante,
longe do vulgar, ao invés disso se apresentando com a palavra tomada emprestada
ao encantamento. Toca-nos sem arroubos, nos versos simples sem pieguismo, encanta
o pensamento e o sentimento com leveza, dizendo com nitidez sobre a tristeza
diáfana. Nos momentos de sonho produz mel e ingenuidade, que confortam e
possibilitam uma carícia de brisa. Em muitos casos usa a rima, a estrofe
apoiada no verso que soa fere a vida através das notas da contradição humana. Mostra
a alma fragilizada de um homem sensitivo, que ao se ver no espelho flagra como está
cansado de tudo.
Se a poesia no Brasil repercute no século
vinte com o que tem de melhor na clave da solidão, intensa nos conflitos, em questões complexas, em Afonso Manta conserva-se
nos ares ingênuos, embora de interioridades profundas, como na explícita certeza
desses versos:
Vale a pena viver, mesmo sofrendo.
Eu mesmo vivo assim, triste gemendo,
Escravo da ilusão e da beleza.
Essa é a maneira do poeta estar na vida com
sinceridade, ter como base, apesar da dor, as construções de conteúdo ingênuo, guardadas
pela alma de um cantor prisioneiro do menino, bebedor de umas doses de
extravagâncias, mas sem maldades, a exalar a consciência do dever cumprido, banhar-se
com as luzes de uma musa portadora de canários verdes na varanda. Entre a ordem
e a vertigem, do viajante que transita para o último gemido, Afonso Manta tece
seus poemas de versos harmoniosos. Escreve uma poesia clara, com a alma de um
poeta que só precisa de um pouco de sonho para equilibrar-se em seus rumos e
rumores loucos, de “estrelas na testa de rapaz” para que suas angústias fiquem
serenas. Só assim, com a mansidão das amargas, o poeta se dará por contente.
Se tudo isso aqui onde vivemos é ilusão, para
quem queira ler e ouvir a poesia de Afonso Manta vai saber como esse poeta foi
um homem digno de seu estar no mundo, corajoso conforta-nos quando assume sua
maneira de estar sozinho com os seus versos delicados para o alimento da alma, intenso
de saberes, sustentando-o como um homem real, que transita na vida pela rua da
solidão e do sonho com matizes do lilás. Vai senti-lo em dado momento aos
frangalhos, mas consciente de que não precisa ser rico, nem ter crédito na
praça, pois convive com o vento que o agita interior e largado. No poema “O
Realejo do Vinho”, esse poeta sabe como a vida é falha, mas basta quando o
torna com os cabelos devastados, rosto, sorriso e palavra.
Na fatura do soneto Afonso Manta é modelar,
raro inventor de sentimentos na frase iluminada. Qualquer um deles surpreende pela simplicidade
da rima, condução nítida da ideia, o fluxo espontâneo que nos torna cúmplice da
palavra simulada com emoção e simbolismo. Libertos de sua camisa de força imposta pelo
formato clássico, vemos como tamanha é a espontaneidade desses sonetos, a
habilidade de sua elaboração por um mestre, que não força a nota compositiva de
sua estrutura fixa. Faz com fluência que transmitam sentimentos doloridos, os
ares do que é triste, que se encontrará sempre na paz do espírito redimido. Assim o poeta procede em “O Rei Afonso”.
Aqui, o rei Afonso, o Derradeiro,
Vê naus que não são mais as naus do porto.
São já as naus febris do sonho morto
No mar tão vasto como traiçoeiro.
Aqui, o mesmo rei, também chamado
Restaurador do Império Agonizante,
Perde para o inimigo, doravante,
O reino duramente conquistado.
O rei, flor-de-lis santa e vulnerável
Ferido pela dor inevitável,
Perdoa a punhalada do assassino
E morre sem palavra de desgosto,
Mostrando paz até o fim no rosto,
A mesma paz dos tempos de menino...
Louco esse poeta vestido do pôr do sol,
mas que tinha uma rosa na cabeça? Bicho
estranho que não queria morrer enquanto existisse estrelas cintilando no céu e o
pássaro cantando? Homem da lua, triste divagando pelas ruas da Bahia? O que
tocava o violino nas solidões de sua cidade natal com as cordas do sorriso?
Ousado guerreiro, dispersivo, que tudo arriscava num momento veloz e
passageiro? Um detentor de humanas paixões, que morreu sereno e forte?
Era
poeta que tinha um olhar vago, de mendigo e sonhador, de aspecto excessivo de
profeta. Banhava-se nas águas da
esperança. Não há quem não desperte enriquecido quando se entra em contacto com
a sua lírica de alto nível, não se deixe encantar com o prontuário iluminado
onde não morre a solidão solidária, imaginada nos toques do amor. Quanta simplicidade em versos que enleiam,
rumorejam com generosidade, primam por relâmpagos que nos mostram da vida
verdades. Poeta de versos inocentes até certo ponto, de alma com doces abraços,
brilhantes metáforas da cor dos lírios, dos jasmins com seus inebriantes
perfumes, capaz de ofertar, na chuva que bate nas orelhas, incandescentes
ternuras no abrigo onde a esperança não morre.
No poema “De Um Rabisco”, de fino humor, dicção
instantânea, os versos como se fossem para serem lidos em dia de riso, Afonso
Manta alerta:
Há que deixar em paz o poema.
Ou o poema nos afeta.
O poema há de ser perfeito.
Ou ele come o poeta.
No seu caso, o poema, por ser perfeito,
alimenta a alma, comete a catarse de curar como o melhor alento.
Leitura Sugerida
*Antologia Poética, Afonso Manta,
Editora da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia – ALBA, em parceria com a
Academia de Letras da Bahia, Coleção Mestres da Literatura Baiana, organização,
seleção e prefácio de Ruy Espinheira Filho, Salvador, 2013.
Lançamento do livro “Canto até hoje” marca os 60 anos de atividades literárias do autor Cyro de Mattos com live no dia 08/04, às 19h, no canal
do YouTube da Fundação Casa de Jorge Amado
Aos 82 anos, o
escritor e poeta Cyro de Mattos, premiado internacionalmente, lança sua obra poética completa, com 800 páginas, em versões impressa e
digital, e selo editorial da Fundação Casa de Jorge Amado, reforçando o legado de 56 livros editados no
Brasil,
e 14 no
exterior, em vários idiomas,
comemorando 60 anos dedicados à literatura
“O projeto tem
apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do
Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc,
direcionada pela Secretaria Especial da
Cultura do Ministério do Turismo,
Governo Federal”
Ele nasceu em 1939, lançou 56 livros
editados no Brasil, de diversos gêneros, que lhe renderam muitos prêmios, e 14 no exterior, em países como Itália, França, Espanha,
Alemanha, Dinamarca, Portugal e Estados Unidos. Criou um legado a partir de 60
anos de atividades literárias, rompeu os limites físicos e
regionais da cidade de Itabuna e agora, na maturidade dos seus 82 anos, se
prepara para laçar sua obra poética completa,
em 800 páginas, para que seus leitores possam conhecer a
totalidade de sua arte no verso, na primeira live de sua vida.
Isso mesmo, dia 08/04, às 19h, ele fará a apresentação de uma publicação inédita, ancorado
no canal do YouTube da Fundação Casa de Jorge Amado (youtube.com/casadejorgeamado). O autor? O
surpreendente e incansável Cyro de Mattos, que está encarando este novo momento virtual e
da pandemia com a mesma determinação e ousadia que o fizeram escritor e poeta e deram à sua trajetória um alcance
internacional.
São seis décadas da sua
vida dedicadas à literatura. Ele
começou com uma escrita experimental, como prosador de ficção. O primeiro conto, em 1960, foi
publicado em um suplemento literário do Jornal
Bahia, que tinha como editor o amigo e também escritor João Ubaldo Ribeiro. Mas Cyro de Mattos
considera sua estreia literária a partir do
terceiro livro, em 1979, "Os Brabos", que ganhou o Prêmio
Nacional de Ficção Afonso Arinos, da Academia Brasileira de Letras, e o projetou
para o mundo.
De lá pra cá, o escritor vem
contando suas histórias em muitos versos, dando aos seus leitores muitas
oportunidades de conhecer suas produções ao longo do tempo. Parte dele dedicado a livros
infantis, mas também dialogando com o público adulto,
sensibilizando-o para a poesia.
Sua necessidade vital de escrever o
fez não apenas poeta, mas contista, novelista, romancista, cronista e ensaísta, além de jornalista e advogado. “Mas foi a literatura que me escolheu
e me trouxe muitas conquistas pelas mãos do tempo. Ela funciona como catarse, um alívio da alma, capaz de ofertar mel e
afeto, ternura e esperança no lugar do sofrimento, dor e solidão”, declara o
Membro da Cadeira 22 da Academia de Letras da Bahia e das Academias de Letras
de Ilhéus e Itabuna.
Cyro diz que é um poeta lírico e, por
isso, canta até
hoje
“O poeta é um cantor de alma e eu sou um poeta lírico, um cantor
que liberta a alma quando faz um poema, por isso eu canto até hoje”. Assim se
define o escritor itabunense Cyro de Mattos, que também cita a frase
para explicar o título de seu mais novo livro: “Canto ate hoje”. Ele diz que "cantou em versos o
seu estar no mundo, visto sob as vestes da vida e da morte relacionadas com os
seres e as coisas, a natureza, o tempo, o amor, a infância e a beleza,
devolvendo ao homem o que é próprio do homem, a
razão e o coração”.
O autor dessa obra poética
completa, que reúne todos seus livros publicados no Brasil e no exterior,
traz artigos assinados por outros escritores e críticos
consagrados, como Jorge Amado, Eduardo Portela, Nelly Novaes Coelho, Assis
Brasil, Muniz Sodré,
Heloísa
Prazeres, Alfredo Perez Alencard, Graça Capinha e
Maria Irene Ramalho, além de poemas inéditos. Uma vida
literária, impressa pela Egba com o selo editorial da Fundação Casa de Jorge Amado, com distribuição gratuita para bibliotecas públicas via Fundação Pedro Calmon e também disponível para
download em uma versão digital.
“Canto até hoje” destina-se ao leitor adulto de aguçado senso crítico ou com interesse
literário para fruir poemas de lastro clássico ou
moderno, de versos livres, metrificados ou rimados, capaz de compreender as
motivações ao nível da fala e da
prosa poética, onde o discurso move-se por unidades musicais do
ritmo que o autor quer transmitir em suas mensagens.
“Neste momento da
minha caminhada, com 82 anos, um legado de 56 livros publicados no Brasil e 14
no exterior, e além de organizar 10 antologias de outros autores, é muito natural querer reunir minha obra
poética completa em uma única publicação. Assim, posso dar aos leitores a oportunidade de
conhecer minha poesia em sua totalidade, inclusive inédita. Um sonho
que o Prêmio Jorge Portugal das Artes me
permitiu realizar, por meio da Lei Aldir Blanc Bahia”.
Homenagem e capa de Juarez Paraiso
As relações afetivas sempre permeiam o trabalho e a vida do poeta
e escritor Cyro de Mattos. Seja como prosador ficcionista ou autor de poemas. O
último, dedicado ao artista plástico Juarez
Paraiso, colega imortal da Academia de Letras da Bahia, está na contracapa de “Canto até hoje”.
A homenagem a Juarez Paraiso, um dos nomes
mais importantes da cultura baiana contemporânea, tem um
motivo especial. Foi a ele que Cyro de Mattos encomendou a capa do livro, que
leva o mesmo nome da poesia e que inspirou o artista inovador a unir os versos
do amigo à sua criação.
Cyro de Mattos conheceu Juarez quando publicou os
primeiros contos na Revista da Bahia, da Secretaria de Cultura do Estado,
dirigida por ele, já um ícone das artes plásticas.
"Nos reencontramos na Academia, onde somos confrades, e o seu cordial
companheirismo me deu abertura para lhe convidar para ilustrar um dos meus livros
e, agora, para fazer a capa de ‘Canto até hoje’, a quem dediquei a poesia de mesmo nome. Juarez é um mago, fez um trabalho belíssimo, me deu de
presente uma capa magnífica, que dá força ao livro e
expressa com primor o poema dedicado a ele”, agradece o autor.
O artista também relembra que
Cyro de Mattos era um dos escritores preferidos da Revista, hoje reconhecido
pela crítica nacional e internacional, e que se aproximaram pela
forte empatia. “Cyro
é um ser humano
muito equilibrado, um poeta admirável. Sempre
tivemos uma relação de afinidade com a poesia e a arte”, afirma Juarez
Paraiso, enobrecido pela homenagem do poema referencial do livro.
"A
inspiração para o layout da capa veio do próprio pássaro dos
versos. Da presença do autor e da relação dos olhos que se cruzam de uma forma lírica, focando
nos seus olhos, numa triangulação com o olhar do pássaro e do
encontro entre os dois, numa linha imaginária a partir do bico do pássaro olhando
Cyro, um olhar que busca o infinito e vai até o leitor”, desvenda o
artista, que escolheu usar tons aveludados, apastelados, nas cores primárias, azul,
amarelo e vermelho, de forma suave.
"Um equilíbrio inevitável, como Cyro,
alegre e sóbrio. Gostei muito da poesia e tentei expressá-la numa
visualização plástica buscando impactar e proporcionar ao leitor uma
interação com a parte poética da obra por
meio dessa ligação exponencial e espectral, de expor os
sentimentos e as emoções das palavras
em um momento de alta espiritualidade do ser e do ler invisível. Menos da
vida física e mais da relação de emoção com o outro”, observa.
A live de
lançamento vai marcar sua estreia nas plataformas digitais
Este notável
escritor não para no tempo. Cyro de Mattos tem
atravessado séculos mantendo a mente aberta para o tempo e se
beneficiando dele. Como agora, revertendo as agruras do necessário isolamento social
para aproveitar a disseminação das tecnologias digitais e ampliar a sua voz e a
visibilidade de seu legado para novos públicos e para os
leitores que já se acostumaram a
consumir cultura online.
Para sua primeira live, estreia no mundo virtual, o escritor
escolheu a jornalista, diretora de TV e produtora cultural Mira Silva para ser
mediadora de um bate-papo com ele e convidados. A escritora e psicóloga Lilia
Gramacho, para falar sobre sua poesia infantojuvenil, representada no livro
"O Menino Camelô", Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Artes,
em 2001, também publicado na Itália; o
romancista e poeta Aramis Ribeiro Costa, que o recebeu ao ser empossado na
Academia de Letras da Bahia; o jornalista Oscar D’Ambrosio, Doutor em Arte e História da Cultura,
que conhece muito bem a poesia de Cyro de Mattos e é autor do prefácio de
"Canto até hoje”; o poeta e ensaísta Cid Seixas,
editor digital e Doutor em Letras, que acompanha o trabalho de ficcionista e as
poesias de Cyro de Mattos na mesma geração; e Ângela Fraga, presidente da Fundação Casa de Jorge Amado, selo pelo qual o autor já publicou
algumas obras, incluindo a atual.
A
dinâmica vai durar 1h30, no canal do YouTube da Fundação Casa de Jorge Amado (youtube.com/casadejorgeamado), parceiro
institucional da publicação, com uma conversa sobre literatura, a obra de Cyro
de Mattos, o livro "Canto até hoje”, futuros livros
e impressões dos convidados, com espaço interativo
para perguntas do público.
"Adoro receber cartas dos leitores de todas as
idades, estudantes e adultos. Sempre é uma emoção muito grande, é o milagre da literatura, pois o verdadeiro prêmio do escritor é ser lido, assim como o do artista é receber o aplauso”, declara Cyro
de Mattos.
Segundo ele, mesmo vindo de outra geração, da linguagem impressa, sabe do
valor dos novos mecanismos da internet. “É muito importante
para o modo de vida contínuo. O ser humano chegou a essa forma de aldeia global,
da linguagem virtual, de um mundo mais presente e para o futuro, diferente do
que aprendi. Essa será a minha primeira
experiência virtual e acredito que terei como
vantagem ser mais divulgado e, consequentemente, mais condições de ser
lido também pela versão digital que o público poderá fazer download, dando um maior alcance
para a minha obra”, considera o autor.
Sobre o autor
Possui prêmios literários no Brasil e
exterior, com destaque para o Prêmio Nacional de Ficção Afonso Arinos, da Academia Brasileira de Letras, com o
livro "Os Brabos"; Prêmio Jabuti (menção honrosa) para o livro "Os Recuados"; Prêmio da APCA para o livro infantil “O Menino Camelô; Prêmio Nacional de Poesia Ribeiro Couto, com o livro “Cancioneiro do
Cacau”;
Prêmio
Nacional de Ficção Pen Clube do Brasil para o romance “Os Ventos
Gemedores”; e Prêmio Nacional Cidade de Manaus, para o livro “Histórias de Encanto
e Espanto”, nove vezes primeiro lugar nos concursos literários da União Brasileira de Escritores (RJ).
Obteve o segundo lugar para obra publicada no Concurso
Internacional de Literatura Maestrale Marengo d’Oro,
Gênova, Itália, com o livro
“Cancioneiro do Cacau”, e segundo lugar
para obra inédita com o livro “Poemas
escolhidos/Poesie scelte”. Foi ainda um dos quatro finalistas do Prêmio Internacional de Literatura da
Revista Plural, no México, com a noveleta “Coronel,
Cacaueiro e Travessia”. Em 2020, recebeu o Prêmio Conjunto de Obra da Academia de Letras da Bahia e
Eletrogóes.
É também membro do Pen Clube do Brasil e
primeiro Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz (Bahia),
além de ser premiado com a Medalha Zumbi dos Palmares, pela
Câmara Municipal de Salvador (2020).
Cyro de Mattos verbete no Novo Dicionário da Língua Portuguesa,
de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira; Dicionário Literário Brasileiro,
de Raimundo de Menezes; Enciclopédia de
Literatura Brasileira, de Afrânio Coutinho;
Literatura e Linguagem, de Nelly Novaes Coelho; Navegação de Cabotagem, de Jorge Amado; “Bibliografia Crítica do Conto
Brasileiro”, de Celuta Moreira Gomes e Theresa da Silva Aguiar, e “Enciclopédia Barsa”.
Algumas Opiniões sobre a Poesia de Cyro de Mattos
“No Lado Azul da
Canção é um livro belo e
denso, do mar e dos bichos, dos animais que fazem parte da nossa vida. Poderoso
canto do mar e do amor, o amor do homem
e da mulher em todos os detalhes do oceano imenso”. Jorge Amado,
romancista, da Academia Brasileira de Letras.
“O poema Rio
Morto é uma bela e nostálgica visão do que os homens estão fazendo hoje com o mundo em que lhes cumpre viver. É belo e doloroso... que os homens se sintam tocados por
ele!” Nelly Novaes Coelho, escritora, doutora em Letras, da
USP.
“Em Viagrária e A Casa Verde
esplende o timbre nativo da origem e da raiz; e da memória tornada
linguagem”.
Ledo Ivo,
ficcionista, ensaísta e poeta, da Academia Brasileira de Letras.
“A sua poesia é uma poesia cheia de referências que identificam os signos da
vida e do homem. A sua poesia é uma busca interminável dos caminhos
da infância perdida, dos caminhos que passam pela anca dos rios
e pelas várzeas onde burros encantados vão deixando marcas do menino pelas estradas do reino”. Francisco
Carvalho, poeta.
“Cancioneiro do
Cacau è poesia dagli ampi orizzonti storici ed esistenziali,
articolata in lucidi spazi lirici, che evocano misteri ed epopee brasiliane di
grande suggestione (anche nella
traduzione di Mirella Abriani). Graziella Corsinovi, Presidente della Giuria Premio
Letterario Internazionale Maestrale Marengo D’Oro, della Università di Genova.
“Li e reli sua
obra, com encanto dos sentidos e admiração por seu talento mágico”. (Ich habe Ihr
Werk gelesen und wiedergelesen mit dem
Entzücken der Sinne und
der Bewunderung für Ihr magisches
Talënto). Curt
Meyer-Clason, autor e tradutor de Zwanzig Gedichte von Rio und andere Gedichte,
antologia, Projekte Editora, Halle, Alemanha, 2009.
“É desta janela pessoana que escolho ler aqui o sensualíssimo lirismo de
Cyro de Mattos, que em poemas da mais cristalina corrente-do-existir dá a beber a precária
realidade-de-ser”.
Maria Irene
Ramalho, Professora Doutora em Literatura Norte-Americana, da Universidade de
Coimbra, Portugal, in Poemas Escolhidos/ Poesie scelte, Segundo Prêmio Internacional de Literatura Maestrale Marengo d’Oro, Gênova, Itália, para obra estrangeira inédita (2006), Editora Escrituras, São Paulo, 2007.
“... mas é a problemática humana, em
sua visão global, o que assoberba o poeta, e é preciso ler este seu livro devagar,
sorvendo aos poucos a beleza de sua linguagem. A atitude do poeta é simples e profunda diante da vida, não só neste
cancioneiro, mas em toda a sua obra poética.” Assis Brasil, ensaísta e ficcionista.
“Tive o prazer de
ler o seu livro Poemas Iberoamericanos, encontrando nele, entre líricas memórias,
encantatórias leituras e releituras, um texto que se insere
perfeitamente nas atualidades nacionais: o poema "Pátria
Amada", que parece reescrever, ao mesmo tempo, o de Gonçalves Dias que
lhe serve de mote, e o "Pátria
Minha", de Vinícius de Moraes. Bela sacada.”
Antonio Torres,
romancista, da Academia Brasileira de Letras.
“Para além dos localismos
mais ou menos exóticos, o lugar da poesia é qualquer lugar onde o poeta circunstancialmente esteja,
disposto a permitir que a “cor local” se transforme em paleta multicolorida – como o faz, com maestria, o poeta de
Itabuna.” Carlos Felipe
Moisés, poeta e crítico, Doutor em Letras, da USP.
SERVIÇO
O quê: Lançamento livro “Canto até hoje”
Obra poética completa: Comemoração dos 60 anos de
atividades literárias
Autor: Cyro de Mattos
Onde: Canal do YouTube
da Fundação Casa de Jorge Amado (youtube.com/casadejorgeamado)
Quando: Dia 08/04, às 19h
Live: 1h30, com mediação da jornalista,
diretora de TV e produtora cultural Mira Silva e participação especial da
escritora e psicóloga Lilia
Gramacho, do romancista e poeta Aramis Ribeiro Costa, do jornalista Oscar D’Ambrosio, do poeta e ensaísta Cid Seixas e da presidente da
Fundação Casa de Jorge Amado, e Ângela Fraga.
Acesso: gratuito
Fontes oficiais
para entrevistas: Cyro de Mattos, mediadora e participantes da live
Fanpage INSTA: @cantoatehoje
Fanpage FB: Canto até hoje
Site:
http://cyrodemattos.blogs pot.com
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Assessoria de
Imprensa: Adriana Nogueira (71) 99118-7870