ENTREVISTANDO NOSSOS ACADÊMICOS - MARCOS BANDEIRA



ENTREVISTANDO NOSSOS ACADÊMICOS  


MARCOS BANDEIRA - Cadeira n. 01

1. Quem é o entrevistado analisado sob sua própria ótica?

Antes de qualquer coisa sou sertanejo, aquele sujeito sonhador, autêntico, sensível e, sobretudo, perseverante, que não desiste nunca de correr atrás de seus objetivos. Este sujeito, que também ficou extasiado com a imensidão e a beleza do mar aos treze anos, acredita que a felicidade – momentos – está relacionada à família, ao trabalho, aos amigos de coração, a espiritualidade, e à valorização das coisas simples da vida.

2. Quando começou a escrever e como define sua preferência literária para criar?

A minha primeira crônica nasceu quando tinha dezenove anos, das minhas angústias provocadas no cotidiano do meu trabalho de bancário, quando então abordei " as relações humanas aplicadas ao trabalho", publicada no Diário de Tarde em Ilhéus. Fiquei bastante envaidecido ao vê-la publicada. No início fui bastante influenciado pelos romances de Adonias Filho e Jorge Amado, mas gosto muito da poesia de Fernando Pessoa, Carlos Drumond de Andrade, Antônio Machado, Eduardo Galeano, Mário Quintana e tantos outros, mas sem dúvida, a linguagem refinada de Machado de Assis e a transparência de Raquel de Queiróz sempre me encantaram bastante.        

3. Seus textos são produzidos com facilidade ou demora algum tempo, reescrevendo-os?

Depende. Se se tratar de um livro, o processo de construção leva um tempo considerável. É comum você começar a todo vapor embalado pela inspiração, para depois ir semeando a obra gradativamente, quase todos os dias. Chega um momento que você dá uma parada e até esquece da obra, para depois então retomar a caminhada com todo o entusiasmo. Normalmente, vou corrigindo alguns trechos, expurgando alguns e acrescentando outros. É um processo infinito à procura do texto mais adequado. Se se tratar de um artigo científico ou uma mera crônica o processo de criação é mais rápido.           

4. Qual o processo de criação dos seus textos? De onde vem a inspiração?

O processo de criação é crítico e voltado para a transformação. A inspiração, seja a obra de natureza científica ou mesmo em se tratando de uma crônica, a inspiração vem do cotidiano, do trabalho, das angústias experimentadas na vida. A minha preocupação estará sempre relacionada à dignidade da pessoa humana.     
     
5. Qual a obra predileta de sua autoria? Lembra de algum trecho?

Sem dúvida, foi o livro intitulado " Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas: uma leitura dogmática, crítica e constitucional", porquanto ele aborda de forma crítica a problemática do adolescente em conflito com a lei, com apoio da boa doutrina e jurisprudência. Poderia destacar o seguinte trecho: "O nomen juris" " ato infracional" não pode ser considerado por alguns – que não conseguem vislumbrar o adolescente como um sujeito de direito em formação – como eufemismo em relação ao crime, pois se ontológica e objetivamente as condutas são semelhantes, subjetivamente há uma diferença abismal, porquanto o adolescente não possui o discernimento ético para entender o caráter criminoso do fato ou determinar-se de acordo com esse entendimento".      
      
6. Sem preocupações cronológicas e de estilo literário, quais os seus autores favoritos?

Machado de Assis, Victor Hugo, José Graciliano Ramos, Saint Exupéry, Jorge Amado e Adonias Filho

7. Cite um autor que influenciou ou mudou sua forma de ver o mundo.

Cito três autores que influenciaram bastante minha maneira de ver o mundo: Paulo Freire nas obras intituladas Pedagogia do Oprimido e Pedagogia da Autonomia; Dos Delitos e das Penas, de Césare Becaria; Thomas Hobes, Leviatã, e Cervantes com Dom Quixote. Poderia citar também Saint Exupéry com O Pequeno Príncipe.         
 
8. Há quem diga que os poetas são loucos e sonhadores. Qual é a sua opinião pessoal?

O poeta é um ser imprescindível na literatura universal, pois a sensibilidade e a gentileza da poesia ampliam nossa visão de mundo ante a substancialidade de sua dureza, tornando a vida mais humana.

9. Tem obras publicadas ou só publica em blogs, jornais e revistas?

Sim, tenho quatro livros publicados na área jurídica: 1) Guarda e Tutela na Prática Forense, Ed. Nova Alvorada, BH, 1998; 2) Adoção na Prática Forense, Ed. Editus, Ilhéus, 2001; 3) Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas: uma leitura dogmática, crítica e constitucional, Ed. Editus, 2006; 4) Tribunal do Júri, Ed. Editus, Ilhéus 2010.
Além desses livros, tenho dezenas de artigos científicos publicados em revistas especializadas, além de várias crônicas publicadas em jornais da região.

10. Encontra dificuldade para publicar e divulgar seus trabalhos?

Não.           

11. Qual a sua opinião sobre a publicação digital (e-book), hoje tão atual?

É a tecnologia do futuro que chegou até nós, pobres mortais, e a ela temos que nos adaptar, sob pena de ficarmos congelados no tempo. 

12. A internet fez surgir mais escritores. Houve realmente a democratização da literatura?

Sem dúvida que houve a democratização da literatura, permitindo a publicação de muitos autores que não encontravam condições de divulgar suas obras ou mesmo ter acesso às de outros escritores. A internet é uma excelente ferramenta, uma biblioteca fantástica, quando utilizada para publicação de textos de boa qualidade, observando-se todos os seus requisitos. A proliferação de textos ortográfica e gramaticalmente incorretos, de qualidade duvidosa no mundo virtual prejudica e muito a formação dos nossos jovens leitores e preocupa bastante professores, escritores e leitores usuários da linguagem culta, gerando inúmeros malefícios, inclusive desestimulando a leitura aprofundada de obras literárias e científicas.          
  
13. Tem prêmios literários?

Não           

14. Com a sua experiência que conselho daria a alguém que começasse a escrever nos dias atuais?

O conselho que lhe daria seria o de criar o hábito diário da leitura de textos de boa qualidade para se acostumar ao uso aprimorado da língua. Conhecer bons autores e obras biográficas de homens que fizeram a diferença neste mundo, como Gandhi, Mandela, Abranham Lincoln e tantos outros.          

15. O que acha imprescindível para um autor escrever bem?

Dominar bem as regras do vernáculo e ser um grande observador das coisas da vida.

16. O escritor só se considera um escritor de verdade quando publica um livro. Por que a internet não traz esse sentimento de realização para o escritor?

Não sei, talvez porque o livro simboliza uma obra desejada, procurada e adquirida pelo leitor. Nada mais reconfortante para o escritor quando vê sua obra exposta em livrarias e citadas em outras obras.

17. Para concluir nossa entrevista envie um texto em prosa ou em verso de sua autoria.

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