EDIÇÃO ESPECIAL: ANIVERSÁRIO DE ITABUNA - PARTE I


A ACADEMIA DE LETRAS DE ITABUNA


PARABENIZA ITABUNA AO COMPLETAR 103 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA, SOLIDÁRIA NA ESPERANÇA DE QUE DIAS MELHORES ESTEJAM A CAMINHO DE  SUA  RENOVAÇÃO


 Itabuna, terra de Jorge Amado, nosso amado de Ferradas




ITABUNA - A HISTÓRIA CONTADA

Itabuna, terra marcada no imaginário popular por lendas que retratam um passado de extravagâncias dos ricos coronéis que mandavam e desmandavam, imortalizados pela literatura de Jorge Amado. Entretanto, foram eles os grandes precursores de sua emancipação, riqueza e desenvolvimento.


"Em 1957, Itabuna estava entre as dez comunas (cidades) de maior desenvolvimento do Brasil, de acordo com concurso realizado em 80 municípios pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM). A informação está publicada no Jornal Oficial do Município, na edição de 19 de outubro de 1957." http://www2.uol.com.br/aregiao/entrev/e-jfranca.htm - 21/11/2007



PRIMÓRDIOS DA HISTÓRIA DE ITABUNA

      Em meados do século XVIII, foram introduzidas na região as primeiras sementes de cacau, oriundas do Pará. São vários os motivos que explicam o florescimento dessa cultura: o clima quente e úmido, bastante similar ao do seu habitat natural, facilitou o processo de adaptação do cacaueiro, que também precisava da sombra oferecida por árvores de maior estatura para sobreviver. Além disso não havia uma economia desenvolvida na região. Os engenhos de açúcar não vingaram e, por essa razão, a selva nativa ficou praticamente intocada à espera dos desbravadores que, anos depois, derrubariam a vegetação mais fina para plantar os pés de cacau, resguardados pela proteção da Mata Atlântica. O cacau não conheceu a mão de obra escrava por ser uma cultura pobre, de agricultura familiar em pequenas glebas.
      No século XIX, houve um grande fluxo de pessoas para esta região: sírios e libaneses comerciantes, sergipanos e sertanejos humildes e semi-analfabetos, fugindo de uma seca muito forte nos sertões da Bahia e Sergipe, atraídos pelos boatos de riqueza, que traziam primeiro a família nuclear, depois os parentes mais distantes.  A origem simples e a falta de recursos dos primeiros homens que se aventuraram mato adentro, desbravando as terras para formar suas roças, explica uma outra característica interessante desta região, visível ainda hoje: o baixo número de latifúndios. Não ocorreu o processo de doação de sesmarias, uma das raízes da elevada concentração de terras no Brasil. Além disso, com pequenas áreas já se tinha uma grande produtividade e uma boa rentabilidade: a cultura do cacau não tem necessidade de grandes glebas. Por outro lado, a concentração fundiária no sul da Bahia se deu de outra forma: um proprietário podia ter várias fazendas de porte reduzido.

      A partir de 1860, o cacau se converteu em objeto de desejo de fábricas de chocolate da Europa e dos Estados Unidos. Praticamente toda a safra era exportada, pois não existia o costume de se consumir o fruto e seus derivados no país. As primeiras manufaturas nacionais só apareceram na virada do século. É justamente nesse momento que a cacauicultura viveu seu ápice. O Brasil ocupou o posto de maior produtor mundial até meados da década de 1920. No mesmo período, a região sul da Bahia assistiu a uma verdadeira guerra entre os fazendeiros: os poderosos coronéis – descendentes daqueles primeiros humildes desbravadores – não mediam esforços e nem violência para expandir seus negócios mediante a apropriação de plantações pertencentes a agricultores menos abastados. “O coronelismo no sul do estado é diferente daquele observado nos engenhos ou na pecuária dos sertões, que tinha como força motriz o latifúndio. No caso do cacau, o coronel mais forte era o que produzia mais. Não se comprava terra, mas pés de cacau." Suas roupas, calçados, perfumes, instrumentos musicais e material de construção eram comprados a maior parte, na Europa, principalmente Paris.

Rua da Lama

     Mesmo em idade muito avançada, muitos coronéis de Itabuna e Ilhéus, costumavam manter duas ou três mulheres na rua da Lama, atual avenida Cinquentenário, para ostentação de virilidade. Seus filhos estudavam na capital ou na Europa e  quando retornavam nas férias, desfilavam em carrões importados pelas ruas principais da cidade. À noite, na praça Olinto Leone, cortejavam as belas senhoritas da alta sociedade.
                         
                        

FERRADAS,  ARRAIAL DE TABOCAS E ITABUNA
        A história do município de Itabuna tem sua cronologia confundida com a própria origem do seu perímetro urbano, a partir de meados do século XIX, reduzindo-se a partir daí a grande importância da centenária Ferradas, que foi a primeira Vila - com o nome de D. Pedro de Alcântara, três décadas antes de Tabocas, e o primeiro povoamento urbano no território daquele que viria a ser o município de Itabuna.
     Desde que o arraial de Tabocas foi fundado pelo coronel José Firmino Alves, não parava de crescer e a lavoura do cacau na região sul da Bahia já era considerada a mais importante do mundo. Em 1897 uma petição foi feita ao Conselho Municipal de Ilhéus para que Tabocas fosse elevada à categoria de vila, cujo pedido foi negado. Em 1906, foi dirigida ao governo do estado uma mensagem solicitando a criação do município, deputados apresentaram o projeto elevando o arraial de Tabocas, no distrito de Cachoeira de Itabuna, à categoria de vila, sendo fundado em 1910 o município de Itabuna.


FORAM OS CORONÉIS QUE DERAM O GRANDE PASSO PARA A
EMANCIPAÇÃO DE ITABUNA

      Em 1905 o grupo liderado pelo coronel José Firmino Alves assinou uma petição, enviada à Câmara dos Deputados da Bahia, pedindo a elevação do distrito de Tabocas à condição de município independente. Acompanhada de documentação sobre a situação econômica e populacional, a petição com assinaturas dos moradores mais ilustres do distrito foi encaminhada para Salvador no dia 2 de junho do mesmo ano.
      O documento informava que o distrito contava com cerca de quatro mil habitantes e que a arrecadação local girava em torno de mais de 60 contos de réis. Os líderes do movimento informaram às autoridades da Bahia que, por falta de recenseamento, não poderiam saber ao certo a porcentagem da população adulta, mas era pelo menos 10% dos moradores e que o distrito contava com 797 propriedades de “mais importância”, sendo 136 casas comerciais.
      Existia no distrito de Tabocas 661 residências particulares de “mais importância” (com melhor estrutura, ocupadas pelos comerciantes, grandes fazendeiros e seus parentes). Havia ainda várias praças e dezenas de ruas, sendo 18, as principais. 

OPOSIÇÃO

      O movimento pela emancipação política encontrou resistência do coronel Antônio Pessoa da Costa e Silva, que era opositor de Domingos Adami de Sá e líder regional de José Firmino Alves. “Considero um ato de rebeldia e falta de disciplina partidária o que fez o senhor, pedindo ao governador José Marcelino a separação de Tabocas”, teria afirmado ao coronel Firmino Alves. Antônio Pessoa seguiu afirmando que “não concordarei nunca com semelhante ato, mesmo porque Tabocas não tem condições sociais para se transformar num município autônomo, separando-se de Ilhéus!” 
      O relato é do historiador Adelindo Kfoury Silva, em seu livro Itabuna Minha Terra! De acordo com ele, Firmino Alves rebateu afirmando: 
      “Estou cumprindo a vontade do povo de Tabocas como seu representante numa aspiração de dirigir os destinos da sua própria terra. Toda vez que um povo se compenetra de que precisa de sua liberdade, sabe o que quer e sabe para onde vai...” 
      Após muita disputa de bastidores, a emancipação de Tabocas ocorreu em 1910, quando o senador Arlindo Leone, em conjunto com os senadores Batista de Oliveira e João Dantas, assinou o Projeto número 8, propondo a elevação de Itabuna à categoria de cidade. 
      O documento, escrito de próprio punho, foi enviado no mesmo dia para a Comissão de Justiça e recebeu parecer favorável.  
     Depois de passar pela Câmara dos Deputados, seguindo os trâmites normais, subiu para o governador João Ferreira de Araújo Pinho que, sem vetos, no dia 28 de julho de 1910 sancionou a lei.


EMANCIPAÇÃO DE ITABUNA

Lei n°. 807, de 28 de julho de 1910.
Eleva a categoria de cidade a atual Vila de Itabuna, O Governador do Estado da Bahia, faz saber que a Assembléia Geral Legislativa decretou e eu sanciono a Lei seguinte:
Art. 1°. - Fica elevada à categoria de Cidade a atual Vila de Itabuna, conservará o mesmo nome.
Revogam-se as disposições em contrário.
Palácio do Governo do Estado da Bahia, 28 de julho de 1910.
(Ass.) João Ferreira de Araújo Pinho - José Carlos Junqueira Ayres de Almeida.


ATA DA SESSÃO SOLENE DO CONSELHO MUNICIPAL DE ITABUNA PARA INSTALAÇÃO DA CIDADE

"Aos vinte e um dias do mês de agosto de 1910, nesta cidade de Itabuna, a uma hora da tarde Paço Municipal, presentes os Srs. Conselheiros: Coronéis Tertuliano Guedes de Pinho, Antônio Gonçalves Brandão, major Adolfo Maron e capitão Américo Primitivo dos Santos. Sob a presidência do primeiro, foi aberta a sessão com toda a solenidade estando presentes: Dr. João de Sales Muniz, juiz de Direito da Comarca, Dr. Henrique Devoto, delegado de terras, capitão Aristeu Marques de Carvalho, delegado de polícia, coronel Firmino Ribeiro de Oliveira, intendente interino deste município, Dr. João Batista Soares Lopes, representando a Sociedade Lyra Popular, os Srs. Mares de Sousa, representando o "O Labor", e José Agnelo dos Reis, representando o "O Itabuna", Sr. Osório Pereira de Araújo, representando a Filarmônica Minerva, Salvador Ayres de Almeida, representando a União Comercial, Filadelfo Almeida, representado a união das classes, Abílio Moura Teixeira e Francisco Rocha, representantes da União Beneficiente Caixeral, professor Valentin da Costa Lima, representando a escola pública municipal do sexo masculino, sob sua direção, Dr. Rufo Galvão, representando as escolas públicas do município, Benigno Azevedo, representando a Sociedade Beneficiente dos Artistas e o farmacêutico Arthur Nilo de Santana, Abdias Lúcio de Carvalho e Abílio Moura, representando o clube 25 de junho, estando presentes também, muitas Exmas. Senhoritas e outras pessoas gradas. Lida a Lei n°. 807, e feita a ligeira exposição pelo Exmo. Sr. Coronel Presidente, este deu a palavra ao Dr. José Veríssimo da Silva Júnior, que com a verbosidade que lhe é peculiar, proferiu brilhante discurso alusivo ao ato. Depois de declarar instalada a cidade, por efeito da lei citada, usaram da palavra os srs. Salvador Ayres, Filadelfo Almeida, Arthur Nilo de Santana, Dr. Soares Lopes e Mares de Souza, todos parabenizando os itabunenses por tão feliz acontecimento. Em seguida o Sr. Coronel Presidente declarou encerrada a sessão, mandando lavrar a presente ata, por mim José Elias Paim, que a escrevi. (ass.) - Tertuliano Guedes de Pinho, Antônio Gonçalves Brandão, Adolfo Maron, Firmino Ribeiro de Oliveira, Américo Primitivo dos Santos, J. de Sales Muniz, Henrique Devoto, Ana Barreto Devoto, Dr. Rufo Galvão, Clotildes Casaes, Isabel Paim, Júlia Kruschewsky, Alzira Paim, Corina Silva, Alzira Franco, Filomena Jordão, Dr. Soares Lopes, Aurelino Ferreira de Souza, Arthur Paiva Leite, José Hagge, Arthur Nilo de Santana, Mares de Souza, José Agnelo dos Reis, Pedro Olavo dos Santos, Osário Araújo, Filadelfo Almeida, Abílio Moura Teixeira, Martinho Conceição, José Veríssimo da Silva, Benigno Azevedo, Vicente Galdino, Abdias Lúcio de Carvalho, Antônio Teixeira Bastos, José Kruschewsky, Sabino Costa, Ismael Casaes, José Fontes Torres, Carlos Jordão, Astério Rebouças, Jerônimo Joaquim de Almeida, Otávio Mendonça, Martinho Afonso Cirne, Jorge Maron Filho, Adalberto Carvalho, José Elias da Silva, Valentin da Costa Lima, Armâncio Oliveira, João Galdino. Eu, José Elias Paim, oficial do Conselho, assino e encerro."


ITABUNA ATUAL: PROBLEMAS ECONÔMICOS E SOCIAIS

        
      
      Sem dúvida alguma, a crise que se arrasta há mais de vinte anos, assumiu proporções catastróficas com a queda do preço da arroba de cacau em meados da década de 70. Para piorar a situação, foi justamente nesse período de forte retração econômica que a vassoura de bruxa, detectada pela primeira vez em 1989, no município de Uruçuca, manifestou sua capacidade de devastação. Ninguém sabe ao certo como a doença – que é endêmica na região amazônica – desembarcou no sul da Bahia. Há boatos até de uma ação criminosa, com o intuito deliberado de vingança contra produtores da região. O fato é que em poucos anos a doença se espalhou por quase todas as propriedades, curiosamente seguindo o sentido da BR 101, que corta a zona cacaueira, e Itabuna, em visível estado de abandono e decadência, tenta recuperar o prestígio de tempos atrás diante do fim do ciclo do cacau devastado pela vassoura-de-bruxa.
         Estima-se que mais de 200 mil pessoas tenham perdido seus empregos em decorrência da mais cruel das crises enfrentadas pela cacauicultura baiana sendo obrigadas a abandonarem as terras e saírem em busca de emprego nas cidades, inchando suas periferias. Estas, também em crise econômica e sem condições de absorver a demanda de pessoas no mercado de trabalho, enfrentam inúmeros e graves problemas sociais decorrentes da crise inesperada.
      Além do previsível êxodo rural, nos últimos anos também se observou uma crescente organização dos movimentos de luta pela terra. “A vassoura de bruxa é a madrinha da reforma agrária aqui na região”, define Júlia Oliveira, coordenadora da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-BA).  A crise fortaleceu os movimentos que lutam pela reforma agrária e, em certa medida, democratizou o acesso à terra. Diversos assentamentos foram criados em lotes abandonados por grandes fazendeiros falidos.
      Alguns fazendeiros até apostaram no café. Outros aumentaram suas áreas de pecuária. O cultivo de frutas, também acenou com a possibilidade de brigar pelo seu espaço. Mas a falta de investimentos substanciais em outras culturas esbarra também numa mudança de mentalidade que não se processa de uma hora para outra. A agricultura familiar é que atualmente responde pela maior parte da produção. 
FONTES: 
Documentário Histórico Ilustrado de Itabuna - José Dantas de Andrade
SILVEIRA, Adelindo Kfoury.  -  “Itabuna, minha terra”.
Memória Grapiúna - Fundação Jupará
reporterbrasil.org.br/2005/05/a-saga-do-cacau-na-bahia
BARROS, Carlos Juliano - Cazeta Mercantil





PEDAÇOS DA HISTÓRIA

João Otávio Macedo*

        Estamos comemorando mais um  ano da emancipação política de nossa Itabuna e é necessário rememorarmos  alguns  aspectos  da sua história, o que é  bom para os que a  vivenciaram e é motivo de conhecimento para as  gerações mais novas. A   história  de nossa  terra é cheia de fatos importantes, alguns pitorescos , retratando a trajetória  da gente  grapiúna, consolidando  a civilização e o desenvolvimento  desta parte  do Brasil.
       No momento atual, estão os produtores de cacau brigando, mais uma vez, por um preço adequado para  o principal produto da nossa lavoura e essa briga  é  antiga. Estávamos na segunda metade dos anos cinquenta, do século passado, precisamente em 1956 e uma passeata, reunindo produtores de cacau, líderes regionais e o povo em geral, tomava a então rua Sete de Setembro, atual Cinquentenário, cujo encerramento ocorreu na praça  Adami, com discursos  inflamados, clamando pelo preço mínimo para a arroba do cacau; reivindicava-se o valor  de  quinhentos cruzeiros, moeda da época . Em janeiro daquele ano, havia assumido  a  presidência da república, o mineiro  Juscelino Kubitschek de Oliveira, cuja posse foi  assegurada pela espada legalista do general Teixeira Lott, já que setores oposicionistas tudo fizeram para impedi-la. Logo no início de seu governo,  houve dois pequenos levantes, comandados por alguns oficiais  da Aeronáutica: os movimentos de  Aragarças  e Jacareacanga, com o estadista  de Diamantina perdoando os insurretos. A bossa nova  e o cinema novo surgiriam anos  depois e, em 1958, nos campos da  Suécia, a seleção brasileira  de futebol conquistaria o seu primeiro título mundial, resgatando a frustração de 1950. O governo de Juscelino dava o ponta-pé inicial para uma nova era na história política do Brasil  e  as lideranças  da região não poderiam perder a  oportunidade para reivindicar melhores dias  para  a  lavoura cacaueira. No embalo das  lutas pelo preço mínimo para a arroba do cacau, surgiu a criação da  Comissão Executiva do Plano de  Recuperação da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), em 1957, para cuidar, não apenas da política  do cacau mas, de uma efetiva atuação junto aos produtores. Foram recrutados funcionários  do Banco do  Brasil que  deram os primeiros e decisivos  passos para  a formação da nova  entidade que, anos depois, teria uma participação imensa na  chamada  região cacaueira: a CEPLAC passou a ser um órgão de desenvolvimento regional, abrindo  estradas vicinais, construindo pontes, escolas, ajudando as  entidades filantrópicas  e beneficentes. Teve também participação importante na criação  da UESC e do porto internacional de Ilhéus; enfim, foi um período áureo, com muito desenvolvimento. As cidades e vilas da região sentiram a presença ceplaquena, gerando empregos, aumentando  o  comércio e diminuindo aquela busca de oportunidades em outros estados, principalmente S. Paulo. A instituição vivia  com um percentual das  exportações do cacau, a chamada  taxa de retenção, o que durou até 1984. Em 1989 surgiu o furacão representado pela  “vassoura-de-bruxa”, um verdadeiro débâcle na nossa  economia: a história dessa praga  está muito bem documentada  no grande trabalho  de Dilson Araújo, chamado  “O Nó”, mostrando a introdução criminosa da praga   nos cacauais do sul da Bahia, verdadeiro crime de lesa-humanidade. Infelizmente, essa história macabra foi habilmente conduzida para o deboche e ficou por isso mesmo. A safra do cacau já atingiu 400 mil toneladas; depois da “vassoura-de-bruxa” caiu para 90 mil toneladas; após muitas lutas, enfrentando o mal, houve uma pequena recuperação e, na safra de 2012-2013 alcançou 240 mil  toneladas. Muitas  fazendas encontram-se  abandonadas e algumas foram transformadas em pastos, substituindo a lavoura pela  pecuária.
          Hoje, nova briga pelo preço mínimo da arroba, ora fixado em setenta e cinco reais mas que, segundo os produtores, é um valor insuficiente, embora bem melhor do que se encontrava.
         Como tudo na vida, estamos em novos  tempos;  está mudando a feição econômica da região com novos  atrativos, mas o cacau ainda  tem o seu valor; não mais com  a pujança de outrora - até as grandes firmas compradoras  e exportadores, como Braz Bartilotti, Corrêa  Ribeiro e Stevenson - deram lugar  a outras que não mais ocupam o eixo principal da cidade, representado pela avenida Cinquentenário, antes dividida entre as ruas Sete de Setembro e J.J. Seabra. A cidade cresceu, apareceram novos  bairros, novas avenidas  e ruas.
          A CEPLAC  ainda continua de pé,  sem a  força e o desempenho de outrora; não apresenta mais as  realizações  que mostrou nos anos setenta  e oitenta; qual será o seu destino?  O futuro  dirá.
         A saga do cacau está bem representada nos trabalhos dos nossos escritores e dos nossos  cronistas. Nessa efeméride da cidade, é salutar homenagear todos aqueles que deram a sua contribuição, por menor que seja, para a implantação e a consolidação desta civilização pujante do sul da Bahia.

*João Otavio Macedo
  Da Academia de Letras de Itabuna.

Conselho Consultivo dos Produtores de Cacau





ITABUNA: MEU CHÃO, MINHA CIDADE

Lurdes Bertol Rocha*

Nosso mundo é um mundo de pensamento lógico, mas também um mundo de emoções, de sentimentos e de percepções intuitivas. O ser humano não apenas pensa, ele também vivencia. É racional e não-racional. O ser humano é um ser binário em todos os sentidos, uma síntese de opostos conflitantes. E dentro desse universo encontra-se um espaço todo especial, um espaço de nossas vivências: a cidade. E mais que isso: a cidade de Itabuna.
Olhando a cidade de um ângulo diferente, o da percepção, qual seu significado? Poderíamos dizer que a cidade é um grande texto, onde se encontra a história dos objetos, das ruas, das praças, dos prédios, das pontes, dos monumentos, das pessoas que ali residem, que ali passam e das que ali construíram os objetos e equipamentos que compõem o espaço urbano. A imagem da cidade se mistura, no imaginário das pessoas, à coleção de lembranças de viagens, memória de infância, segredos encarnados em objetos. Mas, as pessoas também percebem a cidade como um espaço onde exercem suas lides: circular, trabalhar, morar, estudar, comprar, divertir-se, chorar, sofrer, morrer, enfim, viver a vida em todas as suas nuances. Há, porém, pessoas, para as quais, a cidade não se revela, pois apenas estão nela, não a sentem. É o caso, por exemplo, de alguns que se utilizam de suas praças, suas calçadas, para vender seus produtos, mas não cuidam daquele espaço, deixam-no sujo, triste, desarrumado. Se ganham sua vida naquele lugar, porque não zelam por ele? Quantos acham que a rua é lugar de lixo? Varrem suas calçadas, mas fazem de seu entorno ou da rua um grande depósito do que não lhes interessa mais. Mas aos que sentem sua cidade, a conhecem, a enxergam, e não só a vêem, a cidade se dá a conhecer através do significado de seus elementos.  
Numa cidade superpõem-se várias cidades. Elas se aglomeram, se interpenetram. Cada habitante, cada profissional tem uma imagem especial de sua cidade. Os camelôs, os empresários, os comerciantes a veem como um grande mercado onde se desenrolam ou poderão se desenrolar seus negócios. Para os artistas, ela é uma grande tela em branco para ser preenchida com as mais diversas formas e cores. Para os músicos, a cidade é uma grande página com pautas a serem preenchidas com notas musicais, melodias e letras. Os idosos vêem-na como uma tela de cinema, aonde as reminiscências vão e vêm. Para os jovens, é um espaço a ser conquistado e para as crianças ela se constitui num imenso playground. Para os intelectuais a cidade é uma vasta biblioteca a ser desvendada nos seus mais íntimos recantos. Para os despossuídos ela é algo inacessível, cujas portas se fecham e os repele para longe de suas belas lojas, de seus restaurantes, de seus clubes, de sua casa, de sua mesa, de sua cama. Para os traficantes é o território a ser dividido e dominado para seu comércio de dor e morte.
A cidade se constitui no lugar de cada um.  Se é o lugar, significa afeto, gostar de estar, preservar, cuidar. O centro da cidade é a sala de visitas desse lugar. E a sala de visitas é, ou pelo menos deveria ser, o lugar mais bonito da casa. Apesar de os moradores de Itabuna sentirem amor pela sua cidade, sua sala de visitas precisa, urgentemente, ser recuperada, serem revitalizados seus espaços/lugares/signos: monumentos, praças, ruas. Reconstruir. Senão, como fazer a leitura da história/geografia, da memória da cidade, se os registros que lhe deveriam dar acesso encontram-se maltratados pelo descaso/desconhecimento por muitos de seus moradores? Transformar-se-á, por certo, numa cidade sem alma. Uma cidade sem alma é fantasma. Urge, portanto, reavivar a alma da cidade de Itabuna. Torná-la bonita, aconchegante, receptiva em todo seu perímetro. Isto é tarefa do poder público, do poder privado, da comunidade; enfim, de todos. É mister que cada um cuide de sua casa, de sua rua, de seu pedaço, de seu lugar.         Itabuna, por ter sido um grande pólo da cultura do cacau, foi a terra de desbravadores, dos coronéis, de caxixes, palco de transformações urbanas que, certamente, trouxeram tanto consequências positivas quanto negativas. Sua população tenta, hoje, sair da maior crise de sua história, a causada por uma bruxa que aqui campeou montada em sua vassoura, varrendo tudo que foi encontrando pela frente. Se, por um lado, trouxe muita dor para os habitantes de sua cidade, fossem eles ricos, pobres ou remediados, por outro lado, uniu todos num só objetivo: salvar a cidade, torná-la novamente pujante, líder da região cacaueira. A vassoura, apesar de ter sido um desastre, fez algo importante: varreu o egoísmo, a individualidade, o comodismo, obrigou que se procurassem novas tecnologias de trato com a cultura do cacau, geralmente cultivado para que suas árvores dessem o fruto de ouro ad eternum.
Itabuna é a minha cidade, é sua, é nossa. Tratemos bem dela, cuidemo-la, pois ela é a nossa casa, nosso lar, nossa vida.  


*Lurdes Bertol Rocha é Professora do curso de Geografia - UESC, doutora em Geografia e

membro efetivo da Academia de Letras de Itabuna







                                            DOIS SONETOS DA TERRA

                   Cyro de Mattos
  


1  Flor de  Itabuna


Encontro-me no verde de teus anos,
Como sonho menino nos outeiros,
Afoitas minhas mãos de cata-ventos
Desfraldando estandartes nessas ruas.

São meus todos esses frutos maduros:
Jaca, cacau, mamão, sapoti, manga.
E esta canção que trago na capanga
É o vento soprando nos quintais.

Quem me fez estilingue tão certeiro
Nos verões das caçadas ideais?
Quem nesse chão me plantou com raízes

Fundas até que me dispersem ventos
Da saudade e solidão? Ó  poema!
Ó recantos! Ó águas do meu rio!

  

      


         2  Soneto do Cacaueiro
  
Dádiva da terra bondosa,  saga 
 Nas  léguas da promissão forjada,
Enredo com disputas e ciladas,
De seus galhos esplendem frutos de ouro.

Nas sombras de seu vegetal tesouro,
Aos servos e donos do orvalho diga
O tempo sobre aroma em terra amarga,
De noites solitárias também diga

Esse vento que me lambe na mata.  
Um mundo de desejos ressalte-se,
Tão mundo nesses calos refazendo    
Um clima de tal sorte verdejante

Cantado como um cordel encantado.
Se assim não fosse até este soneto 
Em meus sonhos não seria completo.  





A CIDADE AMADA
         Cyro de Mattos
Debruço-me na ponte de teus anos,
Alegre  meu cantar de passarinho,
Descubro manhãs de céu azul,
Continentes luminosos de tesouro.

Há rações verdes nas esquinas,
Vermelhos estandartes nessas ruas,
Espocam bombas dos passeios,
Explodem papagaios nos quintais.

Minhas as mãos de cata-vento,
No peito os bichos meus irmãos,
Noites amenas vertem espaçonaves,
Margaridas, boninas, girassóis.

Quem me fez água de chuva
Branca correndo em amado chão,
Perfeito estilingue nas caçadas,
Bola de gude nos buracos ideais?

Passistas as tropas vêm chegando,
Festa suspensa em ruivo poeiral,
De cores carregam-me tão velozes,
Tremula minha cidade de metal.

São meus os frutos cheios de ouro:
Jaca, sapoti, cacau, manga, mamão,
Apinhada de esperança a geografia
Enche capanga de risos naturais.

Na paisagem viva vejo-te  amores,
Quermesse acariciando corações,
Primeira ternura de namorado,
Presépio coroando-me infante rei.

Dentro de mim aboios ressoam
E sustos movendo carrosséis,
Passam neste vale mágicas nuvens,
Cantigas de São João e de Natal.

Que me dizem ventos de agora?
Pedras, cortes, incompreensões,
Íngreme escarpa de ausências
Na pele resvalando o que faz mal.

 
                                 
           * Cyro de Mattos é escritor e poeta. Premiado no Brasil e exterior





   

ITABUNA

Ceres Marylise*

  Quase toda a lida foi de ti distante;
por isso, voltando, piso devagar.
Recolho lembranças, muitas já perdidas,
para novamente, poder te moldar.

Meus olhos procuram nas velhas retinas,
pessoas e imagens que guardei no tempo,
cercas de estacas, quintais e mangueiras,
velhas bananeiras tremulando ao vento.

Juntei nas estradas, essas que se foram,
as dores da ausência pra dizer a ti.
Continuo agora aquele verso antigo
que inacabado, deixei por aqui.

Distante, onde estive, bebi o teu rio,
e para quem volta, se a saudade é certa,
reencontra o passo e se aconchega
nessa tua sombra de portas abertas.


***






DE MANDOS E JAGUNÇOS
Ceres Marylise



Aconteceu à tardinha,
o céu ainda sangrando.
No ar, cheirinho de café
e fumo nas chaminés.

Todos estavam quietos;
foi quando cascos no chão
e constâncias de esporas
chamaram olhares pra fora.

Adentraram a ruazinha
cinco jagunços montados
em mulas de rabos longos,
chapéus batidos nas faces.
     
Traziam jeito de mando
nas suas bocas fechadas.
Nas cinturas encardidas,
facões não embainhados.

Olhando sempre por perto
logo viram o que queriam
e um apeou ao lado
     daquela humilde casinha.    

Primeiro um rangido fraco,
depois um grito "prendido".
A intenção dos jagunços
tinha mostrado sentido.

Os cinco sempre em silêncio
voltaram no mesmo tranco
deixando junto da porta,
vermelho num peito branco.

Ninguém sabe, ninguém soube
quem mandou e quem matou
aquele que a terra herdou
e era um bom trabalhador.

Na ruazinha de lama,
dormindo sempre mais cedo,
os seus demais moradores
           silenciaram com medo.           







          *Ceres Marylise é membro efetivo da Academia de Letras de Itabuna
  


      




TROPAS DE CACAU
Florisvaldo Mattos


Conduzindo cacau para Água Preta,
Sinto na tropa um fio de soluço;
É algo de mim que viaja em fuga, é seta,
Que aponta um tempo em que eu, pajem de buço,
Mirava o efeito que um sol exegeta
Produzia na flora, de onde um ruço
E um castanho rompiam (quanta meta,
Quanta preparação para o soluço!).
Aqueles burros hoje, aquelas cargas,
Recalcando ladeiras na memória,
Como em todas as estações amargas,
Fazem trajeto inverso de outra glória:
São estrelas em tardes andarilhas,
Remédio que à alma exausta
chega em bilhas.









SAGA DE TROPEIRO

Florisvaldo Mattos


Vinha tangendo pela estrada azul
alimárias de lombo carregado,
metido em lona e calos, um soldado
tenso de lutas contra o vento sul.

Com ele teve o cacau sua escultura
muar. Contempla o sol do ocaso roxo.
Desce da sela, põe a mão no arrocho,
que a carga se regula pela altura.

Rudeza e valor são suas divisas:
uma, do coração; outra, do risco.
Fremem no sangue ardor e agilidade.

Acorda-o o amanhecer das notas lisas
do pássaro cantor. Com sol arisco,
coleia, galopando a claridade.










 MOMENTO DE SAUDADE - POETAS GRAPIÚNAS QUE PARTIRAM


 

           
         



A CIDADE PERDIDA
Walker Luna

         Minha cidade estendeu-se
Alargou suas redondezas
Multiplicada em distância
Insatisfeita
Subiu
Buscando mais horizontes
e perdeu-se dentro dela.
Volto hoje a procurá-la.
Transfiguraram-se os jardins
E os encantos do seu rio
Tomaram novas feições.
Até o céu era outro,
ou eram outros os meus olhos?
Sob a ação de tanto tempo
Anoiteceu em si mesma
E confundiu seus vestígios
Entre as formas
De mais gritos.
Agora
É só pensamento
- minha cidade de outrora.

           



           




ITABUNA
Valdelice Pinheiro


No cemitério,
no chão puro,
no ar,
no tempo que passou,
em tudo,
aqui,
vive tudo de mim;
meu pai e minha mãe
sob uma legenda e flores,
os meus primeiros sons,
a primeira imagem
de meus pés andando por si sós
e todos os meus olhos
se estirando
pelo verde dos cacaus abertos na mata
como um mar que desse frutos de ouro
e frutos de fome.
Aqui cresceram as minhas mãos
com ânsias de infinito e cheias de agonia.
Aqui nasceram e morreram
as minhas dores mais reais
e mais as ilusões de minhas alegrias.
Aqui eu aprendi o sentido da Paz,
a extensão do amor,
o quanto vale o homem
e de que tipo
de suor,
de força,
de coragem,
de doces e tristes coisas
é feita a vida.
Eu sou plantada neste chão.
Este chão sou eu.





       



   


 ITABUNA
Telmo Padilha


Se não há montanhas,
como escalá-las?
Se não há florestas,
Como embrenhar-me
em sombras
que não estas?
Se não há o mar,
como falar de águas
e horizontes?
Sou o cantor
desta planície
e me abismo
em mim,
e desço aos outros
de mim,
e sofro os outros
de mim.





NOVA CIDADÃ ITABUNENSE, ATRAVÉS DA ACADEMIA DE LETRAS DE ITABUNA, PRESTA HOMENAGEM À CIDADE NESTA DATA ESPECIAL





Discurso de Cleusa Boyda de Andrade, por ocasião da cerimônia para outorga do titulo de Cidadão Itabunense
                                                                                
      Recebi a comunicação da decisão do Poder Legislativo de Itabuna, com  surpresa e certa perplexidade: um decreto legislativo concedia a Cleusa Boyda de Andrade o título de “cidadã itabunense”. Nascida em Mascote, criança e adolescente dividi a melhor fase da vida entre Camacan e Itabuna e a vida profissional entre Una, Ubaitaba, Ilhéus  e Itabuna; a partir de 1993, em obediência às etapas de um cargo de carreira, passei a residir em Salvador, onde ainda resido na condição de Procuradora da Justiça, representando o Ministério Público no Tribunal de Justiça da Bahia e atuando, também, como membro do  Conselho Penitenciário do Estado. Faço esta retrospectiva para concluir que nada existe em minha trajetória, à primeira vista,  que justifique o honroso título. Talvez pelo hábito adquirido no exercício da profissão, não consigo desvencilhar-me do princípio da verdade real. E comecei a pesquisa para entender a razão da escolha.
     Minhas reflexões conduziram ao conceito de cidadania e conclui que, neste momento, não se discute o aspecto estrito, meramente formal, encontrado nos manuais de Direito Constitucional para principiantes, que se resume no alistamento eleitoral. O critério  para a escolha de um cidadão honorário envolve valores que exigem, para sua caracterização, o melhor do ser humano no delicado processo de interação social. O poder legislativo, usando a prerrogativa que o voto popular concede, escolhe nomes a serem adotados, como filhos, pela cidade que os acolheu amorosamente. Permanece, no entanto, a indagação: por que fui escolhida? O que fiz de relevante para merecer tão honrosa distinção?  Mergulhando em minhas recordações nada encontrei para legitimar minha presença nesta cerimônia;  voltando aos manuais dogmáticos de Direito, não obtive nenhuma resposta nos conceitos de “cidadania” que fosse convincente e adequada aos meus sentimentos. De repente, quando pensei em sentimentos, encontrei a resposta: cheguei a este momento pelo sentimento, pelo coração, pelo AMOR. Eu amo Itabuna e ponto final. Mereço sim, e como mereço, o título que me foi concedido. Pelo caminho doce e amargo do AMOR, eu, filha adotiva, percorri, pelo sentimento, o mesmo caminho que alguns filhos legítimos percorreram no desafio que se impuseram de aqui nascer, permanecer e continuar AMANDO Itabuna e ensinando a amar este chão abençoado. Muitos poderiam ser citados. Considerando minha justificativa inspirada no sentimento imutável dos filhos que marcaram e marcam este chão grapiúna com seus passos, graças ao brilho da inteligência e sensibilidade, exemplifico com o verso consagrado de Valdelice Soares Pinheiro, “este chão sou eu!” e os versos premiados, além fronteiras, de Cyro de Mattos, quando diz sobre Itabuna:
               “Encontro-me no verde de teus anos
               Como sonho menino nos oiteiros
               Afoitas minha mãos de cata-vento
               Desfraldando estandartes nessas ruas”
               (Cancioneiro do Cacau, Rio de Janeiro, Ediouro, 2002, p.93)   
      Pois é, ilustres membros do Poder Legislativo e outros ocupantes, não menos ilustres, membros do poder constituído itabunense: aceito o título, com muito orgulho, porque amo Itabuna. Aceitando a exigência de um cargo de carreira, não sou mais eleitora das Zonas eleitorais da cidade que meu coração elegeu com ânimo definitivo, mas não se enganem: sou mais itabunense do que os habitantes que aparecem nas estatísticas do IBGE. E vou voltar, aguardem. Sem muito a oferecer, sem a inteligência  fulgurante dos meus conterrâneos citados, mas  com muito amor para dar a este chão que me acolheu e onde fiz amigos que são a âncora de minha vida.
     Se o caráter intimista que imprimi às minhas palavras não pode ser partilhado por todos os novos cidadãos honorários, consagrados neste momento, acredito que todos estão imbuídos dos mesmos propósitos e partilham deste sentimento único que liga um cidadão ao território onde nasceu e ensaiou os primeiros passos, alçou voo e aqui teimosamente continua e, contagiados por este sentimento maior, passarão a amar Itabuna como eu amo.
        
        

CONTINUA NA EDIÇÃO ESPECIAL ANIVERSÁRIO DE ITABUNA - PARTE II 
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