BLOCO MARIA ROSA PRESERVA FOLIA COM IRREVERÊNCIA EM ITABUNA



Bloco Maria Rosa:  antigos carnavais

Bloco Maria Rosa preserva folia com irreverência em Itabuna

Celina Santos*


“Ó jardineira, por que estás tão triste/ mas o que foi que te aconteceu...”;  Ôôô, ôôôôôô, ôôô... Alegria, alegria...” Foi assim, misturando antigas marchinhas com “hits” do momento, como “Tempo de Alegria”, em ritmo de arrocha, que o Bloco Maria Rosa participou da 35ª edição da Lavagem do Beco do Fuxico, dia 15 de fevereiro, em Itabuna. A agremiação, reconhecida pela Bahiatursa como a mais antiga entidade carnavalesca da Bahia, chega aos 83 anos de irreverência. 
Segundo o presidente do Bloco, o professor de Educação Física, Geraldo Ribeiro, também conhecido como “Cassolinha”, o “Maria Rosa” é marcado pelo pioneirismo. “Contamos a história do Carnaval por conta, inclusive, da atitude de vanguarda. Em 1931, época difícil, de machismo, coronelismo, de violência masculina, tivemos essa atitude de irreverência com homens vestidos de mulher. Há um depoimento de Ottoni Silva (in memoriam), um dos fundadores, que relata ter sido esse o primeiro ano do bloco”, ressaltou.
O líder das “Marias”, que este ano foram para a avenida com o tema “Piriguete Cancelada”, numa alusão ao cancelamento do Carnaval, antes programado para o período de 13 a 16 de fevereiro, explica que um novo associado sempre chega indicado por alguém que já faz parte do bloco. Atualmente, há em torno de 50 sócios. Vale lembrar que a agremiação, sem fins comerciais, participou de todas as edições do Carnaval Antecipado de Itabuna.
Ribeiro destaca que o “Maria Rosa” está decidido a continuar participando de todas as manifestações ligadas à “Festa de Momo” na cidade, a despeito de qualquer dificuldade financeira e/ou de apoios. “Não queremos perder essa característica de vanguarda. É por isso que hoje ousamos fazer a Lavagem como uma atitude de resistência, de marcar, por assim dizer: ‘Nós estamos aqui; não podem acabar esse segmento!”, afirmou.





Discussão do Carnaval

Geraldo Ribeiro também preside a recém-criada ABEPCI (Associação de Blocos Carnavalescos, Entidades e Produtores Culturais de Itabuna), que terá assento no Conselho Municipal de Turismo. Ele defende que as entidades discutam efetivamente, a realização do “Carnaval Antecipado” na cidade.
Estamos conclamando a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), ACI (Associação Comercial e Empresarial de Itabuna), entidades públicas, associações e a sociedade organizada, para debatermos o produto Carnaval. Nós criamos o primeiro Carnaval Antecipado do Brasil e ele já não nos pertence. Já são 8 ou 9 carnavais que não realizamos. Nós geramos um produto, uma cultura. Vamos discutir o Carnaval como produto gerador de renda, empregabilidade e aporte financeiro”, conclamou. 
Que modelos culturais e de preservação de nossa memória estamos deixando para as novas gerações se não temos cinema, festivais, teatro, concha acústica, centro de convenções, etc.? O que temos é apenas cultura de boteco, principalmente nos postos de gasolina com suas lojas de conveniência. Queremos resgatar  o carnaval familiar e popular de paz, de alegria, com fantasias e mascarados. 
Por fim, “Cassolinha” lembra que enquanto estava sendo planejado o Carnaval de 2014, foi feito um estudo da movimentação na economia local em decorrência da festa: "Teríamos um aporte médio de mil profissionais durante o Carnaval, sendo 15 a 20 pessoas multiplicadas por 80 atrações. Tínhamos o indicativo de retorno de quatro reais para cada real investido”, enumerou.  “Estamos acendendo a questão Carnaval para desencadear outras questões.”

 *Celina Santos é jornalista e membro efetivo da ALITA



Foto de antigos carnavais