EXTENSA ANTOLOGIA POÉTICA HOMENAGEIA EM PORTUGAL O POETA ANTONIO SALVADO




“Um Extenso Continente” é a antologia  coordenada  por Maria do Sameiro Barroso,  Maria de Lurdes Gouveia Barata e Alfredo Pérez Alencart para homenagear o poeta português Antonio Salvado,  autor de extensa obra de poesia, aclamada pela crítica e publicada em vários países. Entre os  brasileiros selecionados nessa antologia,  figuram os poetas Cyro de Mattos, Álvaro Alves de Faria, Antonio Miranda, Astrid Cabral, Carlos Felipe Moisés, Cláudio Willer,  Floriano Martins, Paulo de Tarso Correa de Melo,  Péricles Prade, Stella Leonardos, Tereza Tenório e  Wagner Ribeiro.
Constituída de 200 poetas, a antologia teve lançamento em Salamanca, Espanha, neste ano, no Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas, e na Câmara Municipal de Castelo Branco, em Portugal. Na antologia a presença de Portugal é maioria absoluta. Na obra figuram, entre outros, os poetas portugueses Albano Martins, João Rasteiro, Jorge Fragoso, Teresa Rita Lopes, Antonio José Queiroz e José Jorge Letria,  A antologia é uma publicação de  RVJ Editores,  de Castelo Branco, cidade  onde nasceu o homenageado, e teve o apoio da Câmara Municipal, 

Sobre Autor e Obra

António Forte Salvado é autor de 50 livros de poesia,  além  de ensaios e antologias, e sua obra é reconhecida  com importantes prêmios nacionais e internacionais. Nasceu a 20 de Fevereiro de 1936, em Castelo Branco, na zona antiga desta cidade, mais concretamente na Rua d'Ega. Foi o mais novo de cinco filhos. Desde cedo se interessou pela literatura e poesia, tendo publicado o seu primeiro livro aos dezoito anos. Licenciou-se em Filologia Românica na Universidade de Lisboa. Anotem  alguns de seus livros: A Flor e a Noite (1955), Recôndito (1959), Na Margem das Horas (1960), Narciso (1961),  Difícil Passagem 1962), Equador Sul (1963), Anunciação (1964), Cicatriz (1965), Jardim do Paço (1967), Tropos (1969), Face Atlântica (1972), Estranha Condição (1977), Interior à Luz (1982), Antologia (1985),  L'horizon Démasqué (poemas traduzidos para francês, 1990)
Leiam, a seguir, o poema que o brasileiro Cyro de Mattos escreveu  para  prestar sua homenagem ao poeta português Antonio Salvado e que foi  incluso na antologia “Um Extenso Continente”:

    
  Outono de Antonio Salvado
   
                       Cyro de Mattos

O que faz o homem
Dizer as coisas
Como elas não são?
Dar palavra ao sonho
Sob a solidão das estações?
O que pensa o homem
De Castelo Branco, raro,
Neste voo absoluto, rouco,
Do fado que o orquestrou
Íntimo da amada vida
Mas que não escolheu?
Embarcado em outono,
Jarra de flores secas, 
O que o torna idêntico
De ternura e tristeza,
Criador de frutos fugitivos
Da ilusão que ainda colhe
No desfolhar desta árvore?
Há uma pedra nesta hora
Mas não é dela sua voz, 
Nem de areia os hábitos 
Do canto que semeia
A ritmar a alma invisível
De seu ser-estar em tudo.
Do pensamento mágico,
Pétala de turbações na dor,
Do  pensamento lúcido,
Claros acordes perseguidos,
Seus perfumes no poema
Carregam sortilégios, desejos.
De onde vem assim cantante?
Para onde vai a se procurar
Por onde passa em silêncio?
No peito tantos tremores,
Estes brilhos na corrente,
Esta flor tardia que pende
Doce beijo a doar-se.