Sônia
Carvalho de Almeida Maron*
Os bons livros são os inseparáveis
amigos no curso da vida e ao lado dos amigos humanos a maior e mais preciosa
riqueza. No caminho que venho percorrendo tive o cuidado de estimular a
formação desse patrimônio. A convivência com os amigos e a releitura dos livros
preferidos é um medicamento milagroso, com eficácia comprovada e sem efeitos
colaterais danosos. Hoje amanheci relendo Havia
uma Oliveira no Jardim, uma das minhas jóias, presente de Valdelice Soares
Pinheiro no final da década de cinquenta. O autor, Álvaro Moreyra, membro da
Academia Brasileira de Letras, dono de um jeito simples e doce de comunicar-se,
diz que tem “uma oliveira plantada no jardim” considerando-se, portanto, “um
homem de paz”. Nada melhor que uma mensagem de paz para começar o dia.
Invocando o pensamento de Álvaro Moreyra o alvo, na verdade, é o clima de protestos que envolve o país. Os protestos pacíficos – se é que alguns ignoram – são assegurados e protegidos pela Constituição Federal, no art. 5º, inciso XVI:
“todos
podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que
não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente”.
À parte os exageros das mensagens e vídeos das
redes sociais, o que é isso afinal? Tais afirmações são próprias de um ex-chefe
de Estado? Os absurdos proclamados aos quatro ventos estão em harmonia com o
preâmbulo da Constituição? Refresquem a memória, pelo menos, com a parte final
que em “juridiquês” dizemos in fine:
“...na
ordem nacional e internacional com a solução pacífica das controvérsias,
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República
Federativa do Brasil.”
A declaração do ex-presidente ao
invés de amedrontar o Brasil, desperta a mais profunda piedade por quem
manipula pessoas fragilizadas pela fome, desespero e ignorância. Seria o caso
de indagar-se nos protestos quantos assentamentos foram efetivados nos últimos
doze anos e como vive e é mantido o “exército de Stédile”, o MST, considerado força
paramilitar admitida em confissão pública pelo ex-presidente.
O Brasil precisa acordar e vai
acordar em paz. Incitar é crime. A incitação às “Sininhos”da vida e black blocs (é forçoso admitir depois da confissão
escancarada) é a mesma agora direcionada aos “comandados” de Stédile.
Apesar do tratamento que os
terroristas do islamismo distorcido estão dando aos jornalistas, ainda acredito
no Brasil e estou escrevendo sob o manto protetor e abençoado do art. 5º,
incisos IV e IX da Constituição:
“é livre a manifestação
do pensamento, sendo vedado o anonimato;”
“é
livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de
censura ou licença”;
O Brasil não é uma capitania
hereditária do partido que elegeu o chefe de um dos poderes. É um país
soberano, independente, democrático e ainda digno de respeito, com o comando do
seu destino tripartido e obediente à vontade popular. Vai para a rua quando e
onde quiser, sua Carta Magna autoriza e ninguém está acima do bem e do mal e
muito menos da Lei Maior.
O Brasil vai
para a rua como todo país que se respeita, em PAZ, SEM VIOLÊNCIA,
do mesmo modo que a França reuniu três milhões de pessoas, de diferentes
etnias, nacionalidades e ideologias sem
qualquer incidente, mínimo que fosse,
para macular o momento de união de propósitos pela paz e combate ao
terrorismo.
Não tenho uma
oliveira no jardim, como Álvaro Moreyra, porque moro em apartamento. Mas sou
uma pessoa da paz e do bem. O Brasil não pode e não vai ficar na contramão da
história repetindo atos de grupos que fizeram oposição ao regime militar. O
passado está morto e sepultado e ninguém está disposto a trocar os “anos de
chumbo” por “anos vermelhos” tisnados do sangue de irmãos em manifestações
pacíficas e lícitas. A marcha dos
brasileiros será verde e amarelo, sob a égide da paz e da fraternidade.
*Ex-aluna do Colégio Divina Providência
Ex- docente da UESC
Juíza
de Direito do TJBA aposentada
Presidente da Academia de Letras
de Itabuna - ALITA