TARDE DE AGOSTO - A Sosígenes Costa, in memoriam


DE FLORISVALDO MATTOS


Gláucia Lemos postou uma foto de dois belos moringos, perguntando quem foi que já viu moringos esfriando numa janela de casa do interior. Eu já vi, tanto assim que, faz tempo, escrevi um poema e publiquei em livro. Aproveito para reproduzi-lo abaixo.

TARDE DE AGOSTO

A Sosígenes Costa, in memoriam


Ao ver escoar-se o tempo fico olhando
solidão de moringos na janela.
Na casa, os utensílios gritam quando
entra o vento da tarde sob aquela

túnica de perfumes, espalhando
no chão de agosto folhas de aquarela;
já pelo espaço úmido o sol revela
afinidades com verão normando.

Aves adotam poses de cegonha
sobre muros pintados de cinzento.
A hora respira infância; o tempo sonha.

Ajustada à matéria dos domingos,
a visão recompensa o pensamento
de retorno à janela de moringos.